Modelo de Petição Intermediária de Incidente de Sonegados em Inventário para Apuração de Ocultação Dolosa de Bens e Aplicação de Penalidades

Publicado em: 23/10/2024 Processo Civil Sucessão
Petição intermediária apresentada por herdeiros no âmbito de um processo de inventário, com fundamento nos artigos 619 e 642 do CPC/2015 e nos artigos 1.991 a 1.996 do Código Civil, requerendo a instauração de incidente de sonegados em face do inventariante que, de forma dolosa, ocultou e transferiu para sua conta pessoal o valor de R$ 100.000,00 pertencente ao espólio. A petição pleiteia a restituição do valor ao espólio, a aplicação da pena de perda de direito sobre os bens sonegados e a condenação do requerido ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios.

PETIÇÃO INTERMEDIÁRIA – INCIDENTE DE SONEGADOS EM INVENTÁRIO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara de Família e Sucessões da Comarca de ____________ – Estado de ____________.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

M. F. de S. L., brasileira, solteira, maior, professora, portadora do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, RG nº X.XXX.XXX-XX, residente e domiciliada na Rua ____________, nº ___, Bairro ____________, CEP ____________, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected], e A. J. dos S., brasileiro, solteiro, maior, engenheiro, portador do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, RG nº X.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na Rua ____________, nº ___, Bairro ____________, CEP ____________, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected],

vêm, respeitosamente, por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), com fundamento nos arts. 619 e 642 do CPC/2015, bem como nos arts. 1.991 a 1.996 do CCB/2002, propor o presente

INCIDENTE DE SONEGADOS

nos autos do inventário dos bens deixados por J. A. dos S., em face de C. E. da S., brasileiro, solteiro, maior, empresário, portador do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, RG nº X.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na Rua ____________, nº ___, Bairro ____________, CEP ____________, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected], pelas razões de fato e de direito que passa a expor.

3. DOS FATOS

No dia 25 de setembro de 2024, faleceu J. A. dos S., deixando como herdeiros sua esposa M. C. da S. e seus três filhos maiores: M. F. de S. L., A. J. dos S. e C. E. da S.. O falecido não deixou testamento.

Durante o agravamento do estado de saúde do falecido, os Requerentes tomaram conhecimento de que o irmão C. E. da S., ora Inventariante, transferiu para sua conta corrente pessoal o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), oriundo de conta bancária de titularidade do falecido.

Tal conduta caracteriza, em tese, a ocultação dolosa de bens pertencentes ao espólio, o que enseja a instauração do presente Incidente de Sonegados, com vistas à apuração da irregularidade e à aplicação das penalidades cabíveis.

4. DO DIREITO

O CCB/2002, art. 1.991, dispõe que “o herdeiro que sonegar bens da herança, não os trazendo à colação, perderá o direito sobre eles”. Já o art. 1.992 do mesmo diploma legal prevê que “o herdeiro sonegador perderá o direito que sobre os bens sonegados teria na herança”.

Para a configuração da sonegação, exige-se a presença de três elementos: (i) a existência de bens pertencentes ao espólio; (ii) a omissão dolosa desses bens por herdeiro ou inventariante; e (iii) a intenção de ocultá-los para benefício próprio, conforme interpretação do CCB/2002, art. 1.996.

No presente caso, restou evidenciado que o Requerido, na qualidade de herdeiro e inventariante, transferiu para sua conta pessoal valor expressivo pertencente ao falecido, sem qualquer justificativa ou comunicação aos demais herdeiros ou ao juízo do inventário.

Tal conduta, além de violar os princípios da boa-fé e da lealdade processual, afronta o dever de transparência e equidade que deve nortear a administração do espólio, nos termos do CPC/2015, art. 618, II. "'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

I - Relatório

Trata-se de incidente de sonegados proposto por M. F. de S. L. e A. J. dos S., em face de C. E. da S., no curso do inventário dos bens deixados por J. A. dos S., falecido em 25 de setembro de 2024, sem testamento.

Os requerentes alegam que o requerido, irmão e também herdeiro, na qualidade de inventariante, transferiu para sua conta pessoal o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), oriundo de conta bancária de titularidade do falecido, sem prestar contas ou comunicar aos demais herdeiros e ao juízo.

Requerem, ao final, a instauração do incidente de sonegados, a restituição do valor ao espólio, a aplicação da pena do art. 1.992 do Código Civil e a condenação do requerido ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.

II - Fundamentação

Inicialmente, ressalta-se que o art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988 determina que “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade”. Assim, passa-se à devida fundamentação.

O Código Civil de 2002, em seu art. 1.991, estabelece que “o herdeiro que sonegar bens da herança, não os trazendo à colação, perderá o direito sobre eles”. O art. 1.992 complementa: “o herdeiro sonegador perderá o direito que sobre os bens sonegados teria na herança”.

Para configuração da sonegação, exige-se a presença de três elementos: (i) existência de bens pertencentes ao espólio; (ii) omissão dolosa por parte do herdeiro ou inventariante; e (iii) intenção de ocultar tais bens para benefício próprio, conforme interpretação sistemática do art. 1.996 do Código Civil.

No presente caso, restou incontroverso que o requerido, C. E. da S., transferiu valor expressivo da conta do falecido para sua conta pessoal, sem qualquer justificativa ou autorização judicial. Tal conduta configura, inequivocamente, ocultação dolosa e intencional de patrimônio pertencente ao espólio.

Tal prática viola não apenas os preceitos do Código Civil, mas também os princípios da boa-fé e da lealdade processual, previstos no art. 5º do CPC/2015, bem como o dever de diligência e transparência do inventariante, nos termos do art. 618, II, do CPC/2015.

A jurisprudência pátria tem reiteradamente reconhecido que, havendo prova da ocultação dolosa de bens por inventariante ou herdeiro, é cabível a instauração do incidente de sonegados e a aplicação da penalidade legal. Nesse sentido:

“Ação de sonegados pressupõe a ocultação dolosa de bens por quem deveria trazê-los à colação, sendo imprescindível provar não apenas a existência dos bens sonegados, mas, sobretudo, o dolo na ocultação dos bens.” (TJRJ – Apelação Acórdão/TJRJ).

Comprovado o dolo na conduta do requerido, é de rigor a aplicação da pena de sonegados, com a perda do direito sobre os bens ocultados, nos termos do art. 1.992 do Código Civil.

III - Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal, e nos arts. 1.991, 1.992 e 1.996 do Código Civil, bem como no art. 618, II, do CPC/2015, julgo totalmente procedente o pedido formulado no presente Incidente de Sonegados, para:

  1. Reconhecer a ocorrência de sonegação dolosa por parte do requerido C. E. da S.;
  2. Determinar a restituição do valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais) ao espólio, devidamente corrigido monetariamente e acrescido de juros legais a contar da data da transferência indevida;
  3. Aplicar a pena prevista no art. 1.992 do Código Civil, com a perda, pelo requerido, do direito que teria sobre os referidos bens sonegados;
  4. Condenar o requerido ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% sobre o valor da condenação.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Cidade/UF, ___ de ____________ de 2025.

_______________________________________
Juiz de Direito


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