Modelo de Razões de Apelação Criminal - Nulidade por Irregularidade no Reconhecimento Pessoal e Pedido de Absolvição ou Redução de Pena

Publicado em: 21/04/2025 Direito Penal Processo Penal
Modelo de razões de apelação criminal destinado a casos de condenação por roubo majorado, em que a defesa alega nulidade do reconhecimento pessoal do acusado, realizado de forma irregular (por chamada de vídeo e sem observância do contraditório), afrontando o artigo 226 do CPP e princípios constitucionais do devido processo legal e ampla defesa. O documento fundamenta o pedido de anulação da sentença, absolvição do réu por ausência de provas robustas (princípio do in dubio pro reo), subsidiariamente requer a redução da pena pela dosimetria equivocada (ausência de comprovação de arrombamento) e a concessão de liberdade provisória, com base em requisitos pessoais do apelante. Inclui jurisprudências atualizadas do TJRJ e pedidos formais para reabertura da instrução, absolvição ou aplicação de medidas cautelares diversas da prisão.

RAZÕES DE APELAÇÃO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro,

Processo nº: [inserir número do processo]
Apelante: A. J. dos S.
Apelado: Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro

2. PRELIMINARES

2.1. NULIDADE POR INOBSERVÂNCIA AO CPP, ART. 226 – RECONHECIMENTO PESSOAL IRREGULAR
Preliminarmente, requer-se o reconhecimento da nulidade da sentença, haja vista a flagrante inobservância das formalidades legais previstas no CPP, art. 226, relativas ao procedimento de reconhecimento pessoal dos acusados. No caso concreto, o reconhecimento foi realizado por meio de chamada de vídeo, conduzida por policial militar, sem observância do contraditório e das garantias legais, em total afronta ao devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV e LV). Ademais, não houve o devido reconhecimento formal em juízo, conforme determina o CPP, art. 400.

3. DOS FATOS

O apelante, A. J. dos S., foi condenado pela prática de crime de roubo majorado, supostamente ocorrido em [data], em conjunto com outros indivíduos. Consta dos autos que, após diligências policiais, um policial militar, na função de motorista de viatura, adentrou a residência dos suspeitos e, por meio de chamada de vídeo, apresentou os suspeitos à vítima para reconhecimento. Em audiência, a vítima afirmou ter esquecido a porta de sua residência aberta, porém, na sentença, o juízo a quo majorou a pena base dos réus primários sob o fundamento de arrombamento da porta, sem qualquer comprovação nos autos.

Ressalte-se que o apelante é primário, possui residência fixa, proposta formal de emprego e é pai de uma criança de 10 meses, que depende exclusivamente de seu sustento. Permanece preso preventivamente desde [data da prisão], não obstante preencher todos os requisitos para responder ao processo em liberdade.

4. DO DIREITO

4.1. DA NULIDADE DO RECONHECIMENTO – VIOLAÇÃO AO CPP, ART. 226
O reconhecimento pessoal é ato de extrema relevância para a persecução penal, devendo ser realizado com rigorosa observância das formalidades legais, sob pena de nulidade. O CPP, art. 226, dispõe que o reconhecimento deve ser feito, preferencialmente, com a presença de pessoas semelhantes ao suspeito, garantindo-se o contraditório e a ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV). No presente caso, o reconhecimento foi realizado por chamada de vídeo, sem qualquer controle judicial, sem a presença de pessoas semelhantes e sem a observância do contraditório, o que macula de nulidade o ato e, por conseguinte, toda a persecução penal.

4.2. DA AUSÊNCIA DE RECONHECIMENTO FORMAL EM JUÍZO – CPP, ART. 400
O CPP, art. 400, determina que, na audiência de instrução e julgamento, deve ser oportunizado o reconhecimento formal dos acusados pela vítima, sob o crivo do contraditório. A ausência desse ato compromete a certeza da autoria, afrontando o princípio da presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII). A jurisprudência é pacífica no sentido de que o reconhecimento realizado apenas na fase policial não supre a necessidade do reconhecimento judicializado.

4.3. DA INEXISTÊNCIA DE PROVAS ROBUSTAS – PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO
A condenação criminal exige prova inequívoca da autoria e materialidade do delito (CPP, art. 155). No caso em tela, não há elementos probatórios suficientes para sustentar a condenação, sendo a palavra da vítima contraditória e o reconhecimento realizado de forma irregular. O princípio do in dubio pro reo impõe a absolvição do apelante diante da dúvida razoável sobre sua participação nos fatos.

4.4. DA DOSIMETRIA DA PENA – EXASPERAÇÃO INJUSTIFICADA
Subsidiariamente, caso não seja acolhida a tese absolutória, requer-se a redução da pena imposta. O juízo a quo majorou a pena base dos réus primários sob o fundamento de arrombamento da porta, não obstante a própria vítima ter declarado que a porta estava aberta. Tal circunstância não encontra respaldo nos autos, violando o princípio da individualização da pena (CF/88, art. 5º, XLVI) e da legalidade (CF/88, art. 5º, II), devendo a pena ser reduzida ao mínimo legal.

4.5. DA PRISÃO PREVENTIVA – POSSIBILIDADE DE RESPOSTA EM LIBERDADE
O apelante é primário, possui residência fixa, proposta de emprego e filha menor de idade que depende de seu sustento. Não há nos autos elementos concretos que justifiquem a manutenção da prisão preventiva (CPP, art. 312). A segregação cautelar deve ser medida excepcional, sendo plenamente possível a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão (CPP, art. 319).

Fechamento argumentativo: Diante do exposto, resta evidente a nulidade do reconhecimento, a ausência de provas suficientes para a condenação e, subsidiariamente, a necessidade de redução da pena e concessão do direito de responder em liberdade, em respeito aos princípios constitucionais e legais aplicáveis.

5. JURISPRUDÊNCIAS

APELAÇÃO CRIMINAL DEFENSIVA – NULIDADE POR INOBSERVÂNCIA DO CPP, ART. 226 – NECESSIDADE DE RECONHECIMENTO FORMAL EM JUÍZO
“Processo penal que se traduz em instrumento legítimo para a concreção da prestação jurisdicional do Estado, vocacionado à busca da verdade real, mediante observância de ritos e solenidades formais tendentes a alcançá-la, sem comprometimento das garantias titularizadas pelos indivíduos. O"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de apelação interposta por A. J. dos S. contra sentença proferida pelo juízo de primeiro grau, que o condenou pela prática do crime de roubo majorado. A defesa sustenta, em síntese, a nulidade do reconhecimento pessoal realizado sem observância das formalidades legais (CPP, art. 226), ausência de reconhecimento formal em juízo (CPP, art. 400), insuficiência de provas para condenação, exasperação indevida da pena base e a possibilidade de o apelante responder ao processo em liberdade, em razão de suas condições pessoais favoráveis.

O Ministério Público apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

II. Fundamentação

1. Da nulidade do reconhecimento pessoal

O reconhecimento pessoal do apelante foi realizado por meio de chamada de vídeo conduzida por policial militar, sem a observância das garantias legais previstas no CPP, art. 226, notadamente a apresentação do suspeito ao lado de pessoas semelhantes, bem como a ausência do contraditório e da fiscalização judicial. Ressalte-se que o devido processo legal, garantido pelo art. 5º, LIV e LV, da CF/88, exige o respeito às formalidades legais em todos os atos que possam restringir direitos individuais.

Da análise dos autos, constata-se que não houve o regular procedimento de reconhecimento formal em juízo, conforme previsto no CPP, art. 400, o que compromete a confiabilidade da identificação do acusado e, consequentemente, a certeza necessária para embasar o édito condenatório. A jurisprudência desta Corte, em consonância com os precedentes destacados nos autos, tem reconhecido a imprescindibilidade do reconhecimento judicializado, sob pena de nulidade processual.

2. Da insuficiência probatória e do princípio do in dubio pro reo

O conjunto probatório revela-se insuficiente para sustentar a condenação, uma vez que a palavra da vítima apresentou contradições relevantes, especialmente quanto à dinâmica dos fatos (porta aberta ou arrombada), e o único reconhecimento realizado deu-se em condições irregulares. Nos termos do CPP, art. 155, a sentença penal condenatória não pode se fundar exclusivamente em elementos colhidos na fase policial, ainda mais quando estes não se submetem ao contraditório judicial.

Diante da dúvida razoável acerca da autoria e da materialidade, impõe-se a aplicação do princípio do in dubio pro reo, em respeito à presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII).

3. Da dosimetria da pena e da prisão preventiva (prejudicados)

Prejudicadas as demais alegações relativas à dosimetria da pena e à prisão preventiva, diante do reconhecimento da nulidade do processo, com a consequente anulação da sentença.

4. Da obrigatoriedade da fundamentação (CF/88, art. 93, IX)

Cumpre ressaltar que a presente decisão encontra-se devidamente fundamentada, em observância ao disposto no art. 93, IX, da CF/88, que exige a exposição dos fundamentos de fato e de direito que embasam as decisões judiciais.

III. Dispositivo

Ante o exposto, dou provimento ao recurso de apelação para anular a sentença proferida, determinando a realização de novo reconhecimento formal do acusado em juízo, nos termos dos arts. 226 e 400 do CPP, com a reabertura da instrução processual, facultando-se às partes a apresentação de alegações finais complementares.

Prejudicadas as demais teses recursais.

É como voto.

Rio de Janeiro, [data do julgamento].

_______________________________________
Magistrado Relator

**Observações: - O voto está fundamentado na CF/88, art. 93, IX, e demais dispositivos apontados no documento. - O texto segue a técnica hermenêutica, vinculando fatos e direito, e apresenta fundamentação clara e completa. - O voto simula a concessão do pedido de anulação da sentença, com base nas nulidades processuais, conforme jurisprudência. - Caso deseje julgar improcedente ou não conhecer do recurso, basta ajustar o item \"Dispositivo\" e os fundamentos conforme os autos.


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