Modelo de Recurso Especial em Ação Penal: Contestação de Condenação Baseada Exclusivamente na Palavra da Vítima e Alegação de Violação de Dispositivos Legais

Publicado em: 07/04/2025 Direito Penal Processo Penal
Trata-se de Recurso Especial interposto por R. S. da S. contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de (...) que manteve sua condenação pela prática de atos previstos no CP, art. 214, parágrafo único (redação anterior à Lei 12.015/2009). O recorrente sustenta a ausência de provas suficientes para a condenação, alegando violação ao CPP, art. 155, CPP, art. 386, VII, e CPP, art. 59, além de divergência jurisprudencial. Sob os fundamentos de que a palavra isolada da vítima, sem elementos externos de corroboração, não pode justificar a condenação, o recurso busca a reforma do acórdão para absolvição ou, subsidiariamente, a nulidade da sentença e o retorno dos autos à origem para novo julgamento.

RECURSO ESPECIAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE (...)

R. S. da S., já qualificado nos autos da Ação Penal nº (...) que lhe move o Ministério Público do Estado de (...), por intermédio de seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), com fundamento no CPC/2015, art. 1.029, c/c CF/88, art. 105, III, “a” e “c”, vem, respeitosamente, interpor o presente

RECURSO ESPECIAL

com fulcro em violação a dispositivos legais federais e dissídio jurisprudencial, requerendo, após o regular processamento, a remessa dos autos ao colendo Superior Tribunal de Justiça.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local, Data.

Advogado: (...)

OAB: (...)


RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL

RECORRENTE: R. S. da S.

RECORRIDO: Ministério Público do Estado de (...)

PREÂMBULO

Trata-se de Recurso Especial interposto contra acórdão proferido pela (...) Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de (...), que, ao julgar apelação criminal defensiva, manteve a condenação do Recorrente pela prática do crime previsto no CP, art. 214, parágrafo único (redação anterior à Lei 12.015/2009), à pena de 11 anos e 8 meses de reclusão, em regime inicial fechado, com base exclusivamente na palavra da suposta vítima, que permaneceu em silêncio por mais de 16 anos, vindo a relatar os fatos apenas aos 26 anos de idade.

DOS FATOS

O Recorrente foi denunciado e condenado sob a acusação de ter cometido, entre os anos de 2006 e 2008, supostos atos libidinosos contra a menor de 10 anos de idade à época dos fatos. A denúncia foi oferecida apenas em 2022, após a suposta vítima, já com 26 anos, relatar os fatos à família e, posteriormente, registrar boletim de ocorrência.

Durante a instrução processual, a única prova produzida foi a palavra da suposta vítima. As testemunhas ouvidas – mãe, pai, cunhada e dois irmãos da vítima – afirmaram nunca terem presenciado qualquer conduta suspeita por parte do Recorrente. Este, por sua vez, negou peremptoriamente os fatos, alegando que manteve um relacionamento extraconjugal com a mãe da suposta vítima, o qual teria sido descoberto por um dos filhos dela, o que, segundo ele, motivou a falsa acusação.

Apesar da fragilidade probatória, o juízo de primeiro grau condenou o Recorrente, sentença esta mantida pelo Tribunal de Justiça, que rejeitou as preliminares de decadência e prescrição, e entendeu que a palavra da vítima, corroborada por depoimentos de familiares, seria suficiente para a condenação.

DO DIREITO

1. DA VIOLAÇÃO AOS DISPOSITIVOS LEGAIS

O acórdão recorrido violou frontalmente o CPP, art. 155, CPP, art. 386, VII, e CPP, art. 59, ao considerar suficiente, para a condenação, a palavra isolada da vítima, sem qualquer elemento externo de corroboração, em manifesta afronta ao princípio do in dubio pro reo.

Conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, embora a palavra da vítima tenha especial relevância nos crimes sexuais, sua eficácia probatória exige corroboração por outros elementos objetivos de prova, o que não ocorreu no presente caso.

Além disso, o acórdão recorrido desconsiderou o lapso temporal de mais de 16 anos entre os supostos fatos e a denúncia, ignorando os efeitos deletérios da memória e a possibilidade de contaminação do relato, especialmente diante de alegações de motivação pessoal e fami"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de (...), apresento meu voto nos autos do Recurso Especial interposto por R. S. da S. contra o acórdão da (...) Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de (...).

Dos Fatos

O Recorrente foi condenado pela prática do crime previsto no CP, art. 214, parágrafo único (redação anterior à Lei 12.015/2009), à pena de 11 anos e 8 meses de reclusão em regime inicial fechado. A condenação baseou-se exclusivamente na palavra da vítima, que permaneceu em silêncio por mais de 16 anos e apenas aos 26 anos relatou os fatos supostamente ocorridos entre os anos de 2006 e 2008.

Não foram apresentados elementos externos que corroborassem o relato da suposta vítima. As testemunhas ouvidas afirmaram desconhecer qualquer conduta ilícita atribuída ao Recorrente, o qual, por sua vez, negou os fatos e alegou motivação pessoal para a acusação.

Do Direito

1. Da Violação aos Dispositivos Legais

O acórdão recorrido violou os princípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório e da presunção de inocência, previstos na CF/88, art. 5º, LV e LVII, ao considerar suficiente a palavra isolada da vítima para a condenação, em afronta ao CPP, art. 155.

É entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça que, embora a palavra da vítima tenha relevância probatória em crimes sexuais, sua eficácia depende de corroboração por outros elementos objetivos de prova. No presente caso, não há qualquer elemento adicional que comprove a prática do delito imputado ao Recorrente.

2. Da Divergência Jurisprudencial

O acórdão recorrido diverge de diversos precedentes do Superior Tribunal de Justiça, que exigem fundamentação concreta para a valoração negativa das circunstâncias judiciais e a existência de elementos externos que corroborem a palavra da vítima. Nos casos analisados, a palavra da vítima foi corroborada por laudos psicológicos e periciais, o que não ocorreu nos presentes autos.

Fundamentos Constitucionais e Legais

O presente voto fundamenta-se na CF/88, art. 93, IX, que exige a devida fundamentação das decisões judiciais. Além disso, invoco o CPP, art. 155, que determina que a decisão condenatória deve basear-se em elementos de prova idôneos e suficientes, sob pena de afronta ao princípio do in dubio pro reo.

Conclusão

Diante dos fatos e fundamentos apresentados, voto pelo provimento do recurso especial, para reformar o acórdão recorrido, absolvendo o Recorrente com fundamento no CPP, art. 386, VII, em razão da ausência de provas suficientes para a condenação.

Subsidiariamente, voto pelo reconhecimento da nulidade da sentença por violação ao CPP, art. 155, determinando o retorno dos autos ao juízo de origem para novo julgamento, com a devida instrução probatória.

Dispositivo

Ante o exposto, conheço do recurso especial e dou-lhe provimento para absolver o Recorrente, nos termos do CPP, art. 386, VII. Caso não seja este o entendimento, voto pelo reconhecimento da nulidade processual e retorno dos autos à origem para novo julgamento.

É como voto.

Local, Data.

Magistrado: (...)


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