Modelo de Ação Declaratória de Manutenção de Benefício Previdenciário com Pedido de Tutela de Urgência Contra o RIOPREVIDÊNCIA

Publicado em: 29/02/2024 Direito Previdenciário
Petição inicial em que o Autor, beneficiário de pensão por morte concedida pelo Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (RIOPREVIDÊNCIA), solicita a manutenção definitiva do benefício previdenciário. O pedido fundamenta-se na prescrição do direito do RIOPREVIDÊNCIA de revisar o benefício, conforme o Decreto 20.910/1932, e nos princípios constitucionais do direito adquirido e do ato jurídico perfeito. A ação também requer tutela de urgência para evitar a extinção do benefício, que é a principal fonte de subsistência do Autor, destacando a probabilidade do direito e o perigo de dano.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE __________

Distribuição com pedido de tutela de urgência

PREÂMBULO

Nome do Autor: A. J. dos S., brasileiro, viúvo, aposentado, portador do CPF nº __________, residente e domiciliado na Rua __________, nº ___, Bairro __________, Cidade __________, Estado __________, endereço eletrônico __________.
Nome do Réu: Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro - RIOPREVIDÊNCIA, pessoa jurídica de direito público, com sede na Rua __________, nº ___, Bairro __________, Cidade __________, Estado __________.

Por intermédio de seu advogado, com endereço profissional na Rua __________, nº ___, Bairro __________, Cidade __________, Estado __________, endereço eletrônico __________, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE MANUTENÇÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

com pedido de tutela de urgência, em face do RIOPREVIDÊNCIA, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS

O Autor é beneficiário de pensão por morte concedida pelo Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro - RIOPREVIDÊNCIA desde dezembro de 2005, em razão do falecimento de sua esposa ocorrido em 07/10/2005.

Em 26/01/2015, o Autor, por desconhecimento jurídico, formalizou união estável por meio de escritura pública. Recentemente, o RIOPREVIDÊNCIA tomou conhecimento da referida união estável por meio da Central Notarial de Serviços Eletrônicos Compartilhados (CENSEC) e enviou telegrama ao Autor, solicitando defesa sobre os fatos, sob pena de extinção do benefício.

Assustado, o Autor, juntamente com sua companheira, dissolveu a união estável por escritura pública e enviou cópia ao Fundo, confessando a existência da união. Contudo, o RIOPREVIDÊNCIA informou que a dissolução não restabelece a condição de beneficiário, pois a união estável extingue automaticamente o direito à pensão.

Ocorre que, conforme o Decreto 20.910/1932, o prazo prescricional para o RIOPREVIDÊNCIA revisar benefícios concedidos é de 05 (cinco) anos, contados da data do ato ou fato que originou a revisão. Assim, considerando que a pensão foi concedida em dezembro de 2005 e a união estável foi formalizada em janeiro de 2015, o prazo para revisão encontra-se prescrito.

DO DIREITO

A presente demanda encontra fundamento no Decreto 20.910/1932, que estabelece o prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a Administração Pública rever atos administrativos que concedem benefícios. O art. 1º do referido decreto dispõe que "as dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Pública Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem".

No caso em tela, a pensão por morte foi concedida em dezembro de 2005, e a união"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de Ação Declaratória de Manutenção de Benefício Previdenciário proposta por A. J. dos S. em face do Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (RIOPREVIDÊNCIA). O autor pleiteia a manutenção de sua pensão por morte, concedida em dezembro de 2005, arguindo a prescrição do direito do réu de revisar o benefício, com base no Decreto 20.910/1932.

O réu, ao tomar conhecimento de união estável formalizada pelo autor em 2015, alegou que tal fato extinguiria o direito à pensão. No entanto, o autor dissolveu a referida união e argumenta que a revisão pretendida pelo réu encontra-se prescrita, tendo em vista o decurso do prazo de cinco anos previsto no referido decreto.

II. Fundamentação

A. Dos Fatos e da Prescrição

Conforme o Decreto 20.910/1932, o prazo para a Administração Pública revisar atos administrativos é de cinco anos. No caso concreto, a pensão foi concedida em dezembro de 2005, e a união estável do autor foi formalizada em janeiro de 2015. Mesmo considerando o marco mais recente, verifica-se que o prazo prescricional para a revisão já se encontra expirado.

Além disso, a Constituição Federal de 1988 (art. 5º, XXXVI) garante a proteção ao direito adquirido e ao ato jurídico perfeito, impedindo a revisão de um benefício que o autor já vinha recebendo há anos sem qualquer contestação anterior.

B. Da Tutela de Urgência

O Código de Processo Civil de 2015, em seu artigo 300, autoriza a concessão de tutela de urgência desde que presentes a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. No caso em análise, a probabilidade do direito do autor é evidente, diante da prescrição do direito do réu de revisar o benefício. O perigo de dano encontra-se configurado na iminente perda da pensão, que representa a principal fonte de sustento do autor.

C. Da Jurisprudência

A orientação jurisprudencial reforça o entendimento de que, findo o prazo prescricional, a Administração Pública não pode revisar benefícios concedidos. Cito, a título exemplificativo:

  • STJ - Recurso Especial Acórdão/STJ: "A manutenção de benefício previdenciário anteriormente concedido depende de análise administrativa prévia, salvo quando a pretensão não envolver matéria de fato alheia ao conhecimento da Administração." (Rel. Min. Herman Benjamin, DJ 29/05/2024).
  • TJSP - Agravo de Instrumento Acórdão/TJSP: "Presentes os requisitos para concessão de tutela de urgência, defere-se a tutela para cessação de descontos indevidos em benefício previdenciário, diante da probabilidade do direito e perigo de dano." (Rel. Des. Nelson Jorge Júnior, DJ 15/09/2024).

III. Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado por A. J. dos S. para:

  1. Reconhecer a prescrição do direito do RIOPREVIDÊNCIA de revisar o benefício concedido ao autor, nos termos do Decreto 20.910/1932;
  2. Declarar a manutenção do benefício de pensão por morte, em caráter definitivo;
  3. Determinar ao RIOPREVIDÊNCIA que se abstenha de suspender ou extinguir o benefício do autor, sob pena de multa diária a ser fixada em fase de cumprimento de sentença;
  4. Condenar o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 85, §2º, do CPC/2015.

Defiro ainda a tutela de urgência requerida, para que o réu mantenha o benefício de pensão por morte até o trânsito em julgado da presente decisão.

IV. Conclusão

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Local e data.

____________________________________________
Nome do Magistrado
Juiz de Direito


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