Modelo de Alegações Finais com Pedido de Absolvição e Reconhecimento de Ilicitude de Provas por Violação de Garantias Constitucionais

Publicado em: 10/07/2024 Direito Penal
Trata-se de peça processual apresentada pela defesa do réu em ação penal, contendo alegações finais fundamentadas no artigo 403, §3º, do Código de Processo Penal (CPP). A defesa aponta abuso de autoridade e violação de direitos fundamentais cometidos pelas autoridades policiais, como coação para fornecimento de senha de celular, uso indevido de algemas e revista pessoal realizada por policial de gênero diverso, afrontando a Constituição Federal, a Súmula Vinculante nº 11 do STF e o artigo 249 do CPP. A defesa requer, dentre outros pedidos, o reconhecimento da ilicitude das provas obtidas de forma ilegal, a absolvição do réu por ausência de provas lícitas e suficientes e a comunicação dos fatos às autoridades competentes para apuração de abuso de poder.

ALEGAÇÕES FINAIS

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE [LOCALIDADE]

Processo nº: [Número do processo]

Autor: Ministério Público

Réu: [Nome do réu]

PREÂMBULO

O(a) réu(ré) [nome do réu], já devidamente qualificado(a) nos autos do processo em epígrafe, por meio de seu advogado(a) constituído(a), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS, com fundamento no artigo 403, §3º, do Código de Processo Penal (CPP), pelos motivos de fato e de direito que passa a expor.

DOS FATOS

Conforme consta nos autos, o(a) réu(ré) foi acusado(a) de supostamente resistir à ordem policial e, em decorrência disso, foi conduzido(a) à delegacia. Durante a condução, houve coação para o fornecimento da senha do telefone celular, bem como a utilização de algemas em uma testemunha feminina, que foi revistada por policial masculino, em evidente afronta aos direitos fundamentais e à dignidade da pessoa humana.

Os atos praticados pela autoridade policial configuraram abuso de poder, violação de garantias constitucionais e afronta à legalidade, conforme será demonstrado a seguir.

DO DIREITO

Inicialmente, cumpre destacar que a Constituição Federal de 1988 assegura, em seu artigo 5º, inciso III, que "ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante". A coação para fornecimento da senha do telefone celular e a revista pessoal realizada por policial de gênero diverso violam diretamente esse preceito constitucional.

Além disso, o artigo 5º, inciso LXIII, da CF/88, garante ao preso o direito de permanecer em silêncio e de não produzir prova contra si mesmo. A exigência de fornecimento da senha do celular, sob coação, configura violação ao princípio da não autoincriminação.

Quanto ao uso de algemas, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Súmula Vinculante nº 11, estabeleceu que "só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado". No caso em tela, não houve qualquer justificativa plausível para o uso de algemas.

Ademais, a revi"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
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RELATÓRIO

Trata-se de julgamento nos autos do processo nº [Número do processo], em que figura como autor o Ministério Público e como réu [Nome do réu]. A controvérsia cinge-se à análise da legalidade dos atos praticados pelos agentes policiais durante a abordagem, prisão e condução do réu, bem como à validade das provas obtidas no curso dessa diligência.

Os fatos narrados nos autos dão conta de que o réu foi acusado de resistência à ordem policial, sendo submetido a coação para fornecimento da senha de seu telefone celular, além de alegar o uso indevido de algemas e tratamento degradante durante a condução. A defesa do réu sustenta a ilicitude das provas obtidas e requer sua absolvição, com fundamento na ausência de provas lícitas e suficientes.

FUNDAMENTAÇÃO

Nos termos do artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, "todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade". Assim, passo à análise dos fatos e fundamentos jurídicos apresentados.

Análise dos Fatos

Conforme relatado, o réu foi submetido a tratamento que, à luz da Constituição Federal, configura violação de direitos fundamentais. A coação para fornecimento da senha do telefone celular, o uso de algemas sem justificativa plausível e a revista pessoal realizada por policial de gênero diverso ao da testemunha feminina demonstram desrespeito aos preceitos constitucionais e legais.

O artigo 5º, inciso III, da Constituição Federal, estabelece que "ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante". Ainda, o inciso LXIII do mesmo artigo assegura ao preso o direito ao silêncio, bem como o de não produzir prova contra si mesmo. Tais dispositivos foram claramente afrontados no caso em tela.

Análise do Direito

O artigo 157 do Código de Processo Penal dispõe que "são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais". Diante disso, as provas obtidas por meio de coação devem ser consideradas ilícitas e, portanto, desentranhadas dos autos.

Além disso, o uso de algemas, conforme a Súmula Vinculante nº 11 do STF, só é permitido em casos de resistência, fundado receio de fuga ou perigo à integridade física, o que não foi demonstrado nos autos. Da mesma forma, a revista pessoal realizada por policial masculino em testemunha feminina viola o artigo 249 do Código de Processo Penal, que exige que a busca em mulheres seja realizada por outra mulher, salvo absoluta impossibilidade, o que não foi comprovado no presente caso.

Jurisprudência

  • STJ (2ª T.) - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2.123.334 - MG: "A confissão extrajudicial somente será admissível no processo judicial se feita formalmente e de maneira documentada, dentro de um estabelecimento estatal público e oficial."
  • STJ, HC Acórdão/STJ: "O uso desproporcional, desmedido e violento da força policial invalida as provas obtidas na abordagem e contamina qualquer elemento probatório subsequente."
  • STF, RE 603.616, Tema 280: "O ingresso em domicílio alheio sem mandado judicial e sem fundadas razões previamente justificadas é ilícito, tornando nulas as provas obtidas em decorrência dessa conduta."

DISPOSITIVO

Diante do exposto, com fundamento na Constituição Federal de 1988, artigo 93, inciso IX, e no Código de Processo Penal, artigo 157, julgo PROCEDENTE o pedido da defesa para reconhecer a ilicitude das provas obtidas mediante coação e violação de garantias fundamentais, determinando o desentranhamento dessas provas dos autos.

Consequentemente, absolvo o réu, nos termos do artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, pela ausência de provas lícitas e suficientes para embasar uma condenação.

Determino, ainda, a comunicação dos fatos narrados à Corregedoria da Polícia Militar e ao Ministério Público, para apuração de eventual abuso de autoridade por parte dos agentes envolvidos.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

[Localidade], [Data]

[Nome do Magistrado]

Juiz(a) de Direito


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