Modelo de Alegações Finais pela Defesa em Processo Criminal por Suposto Crime de Estupro - Insuficiência de Provas e Aplicação do Princípio da Presunção de Inocência

Publicado em: 23/01/2025 Direito Penal Processo Penal
Documento de alegações finais apresentado pela defesa técnica no processo criminal nº __________, em que o acusado, C. E. da S., é denunciado pela prática do crime previsto no CP, art. 213, §1º, do Código Penal. A defesa argumenta a ausência de provas suficientes para a condenação, sustentando a inaplicabilidade da violência ou grave ameaça, bem como a aplicação dos princípios constitucionais da presunção de inocência e do in dubio pro reo. São apresentados fundamentos técnicos, jurídicos e jurisprudenciais, além de pedidos subsidiários e requerimentos adicionais em conformidade com o Código de Processo Penal.

ALEGAÇÕES FINAIS PELA DEFESA

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de __________.

Processo nº: __________

Nome do Acusado: C. E. da S.

A Defesa Técnica de C. E. da S., já qualificado nos autos, por meio de seu advogado constituído, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS, com fundamento no CPP, art. 403, §3º, nos termos que seguem.

DOS FATOS

O acusado foi denunciado pela prática do crime previsto no CP, art. 213, §1º, sob a alegação de que teria mantido conjunção carnal com a vítima, M. F. de S., sem o consentimento desta, mediante grave ameaça. A acusação sustenta que o ato teria ocorrido no dia ___, na residência do acusado, localizada em __________.

Durante a instrução processual, foram colhidos os depoimentos da vítima, do acusado e de testemunhas, além de realizadas perícias técnicas. A Defesa, por sua vez, apresentou elementos que demonstram a inexistência de provas suficientes para a condenação, bem como a ausência de dolo por parte do acusado.

DO DIREITO

Inicialmente, cumpre destacar que, para a configuração do crime de estupro, é imprescindível a comprovação de que a conjunção carnal ou outro ato libidinoso foi praticado mediante violência ou grave ameaça, conforme dispõe o CP, art. 213, caput. No caso em tela, a Defesa sustenta que não há provas concretas que demonstrem a prática de violência ou grave ameaça por parte do acusado.

A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu CF/88, art. 5º, LVII, que \\\"ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória\\\". Esse princípio da presunção de inocência deve nortear toda a análise probatória, sendo vedada a condenação com base em meras suposições ou indícios frágeis.

Ademais, o princípio do in dubio pro reo, amplamente reconhecido na doutrina e jurisprudência, determina que, na ausência de provas inequívocas acerca da autoria e materialidade do delito, deve prevalecer a absolvição do réu. No presente caso, os elementos probatórios apresentados pela acusação são insuficientes para afastar qualquer dúvida razoável.

A palavra da vítima, embora relevante, não pode ser considerada isoladamente como prova suficiente para a condenação, especialmente quando não corroborada por outros elementos externos e independentes. Nesse sentido, a Defesa destaca que os laudos periciais e os depoimentos das testemunhas não confirmam a versão apresentada pela acusação.

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RELATÓRIO

Trata-se de julgamento referente ao processo nº __________, em que se discute a prática do crime disposto no CP, art. 213, §1º, do Código Penal, imputado ao acusado C. E. da S. A acusação sustenta que o réu teria mantido conjunção carnal com a vítima, M. F. de S., sem o consentimento desta, mediante grave ameaça, em data e local apontados na denúncia.

A defesa, em suas alegações finais, pleiteia a absolvição do acusado com fundamento na insuficiência de provas e na ausência de dolo. Subsidiariamente, requer a desclassificação do delito para o previsto no CP, art. 215-A do Código Penal, bem como a aplicação de regime inicial mais brando em caso de condenação.

FUNDAMENTAÇÃO

Inicialmente, cumpre destacar que, conforme a CF/88, art. 93, IX, “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade”. Assim, passo à análise das provas e fundamentos apresentados.

A materialidade do delito restou demonstrada pelos laudos periciais constantes nos autos. No entanto, a autoria e o dolo do acusado demandam análise mais criteriosa, especialmente à luz dos princípios constitucionais e processuais penais.

A CF/88, art. 5º, LVII, consagra o princípio da presunção de inocência, segundo o qual “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Além disso, o princípio do in dubio pro reo impõe que, na ausência de provas cabais, deve prevalecer a absolvição do réu.

No caso em análise, a palavra da vítima, embora relevante, não foi corroborada por outros elementos externos, como laudos periciais que comprovassem a prática de violência ou grave ameaça, ou depoimentos de testemunhas que pudessem confirmar a dinâmica dos fatos narrados na denúncia. A ausência de provas robustas e inequívocas inviabiliza uma condenação, sob pena de violação ao princípio da legalidade e da presunção de inocência.

Ademais, o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça, preconiza que o julgamento deve ser isento de preconceitos ou estereótipos. Contudo, tal diretriz não exime o julgador de observar a necessidade de provas concretas e suficientes para embasar uma sentença condenatória.

Jurisprudências recentes corroboram o entendimento aqui exposto. O Superior Tribunal de Justiça, no REsp Acórdão/STJ, enfatizou que a palavra da vítima, embora relevante, exige cautela e deve ser corroborada por outros elementos probatórios. De igual modo, o Tribunal de Justiça de São Paulo, nas Apelações Criminais Acórdão/TJSP e Acórdão/TJSP, reforçou a aplicação do princípio do in dubio pro reo diante de dúvidas razoáveis quanto à autoria e materialidade do delito.

DISPOSITIVO

Diante do exposto, com fundamento no CPP, art. 386, VII, do Código de Processo Penal, julgo IMPROCEDENTE a denúncia e absolvo o acusado C. E. da S., em razão da insuficiência de provas para a condenação.

Registre-se que a absolvição ora proferida está em consonância com os princípios constitucionais e processuais penais que norteiam o ordenamento jurídico brasileiro, em especial o da presunção de inocência e o do in dubio pro reo.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

TERMOS FINAIS

Local e data: __________.

_______________________________
Magistrado(a) - Juiz(a) de Direito


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