Modelo de Contestação à Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa movida pelo MPF contra servidor público federal sem individualização de conduta ou comprovação de dolo específico

Publicado em: 11/04/2025 AdministrativoProcesso Civil
Contestação apresentada por servidor público federal em face de Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa ajuizada pelo Ministério Público Federal, com base na Lei 8.429/1992 (atualizada pela Lei 14.230/2021). O réu sustenta a ausência de individualização de sua conduta, inexistência de dolo específico, prejuízo ao erário ou enriquecimento ilícito, e aponta que sua atuação foi meramente opinativa, sem autonomia decisória no contrato questionado. A defesa requer a inépcia da inicial, improcedência da ação e condenação em honorários. O documento fundamenta-se em jurisprudências atualizadas e no Tema 1.199/STF.

CONTESTAÇÃO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da 9ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Processo nº 1100486-53.2024.4.01.3400

V. J. B., brasileiro, solteiro, servidor público federal, CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na cidade de Brasília/DF, endereço eletrônico: [email protected], por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), com escritório profissional situado na Rua X, nº Y, Bairro Z, Brasília/DF, endereço eletrônico: [email protected], vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar sua

CONTESTAÇÃO

à Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa ajuizada pelo Ministério Público Federal, com fundamento no art. 335 e seguintes do CPC/2015, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. SÍNTESE DOS FATOS

O Ministério Público Federal ajuizou a presente ação civil pública por ato de improbidade administrativa em face de diversos réus, dentre eles o ora contestante, V. J. B., imputando-lhe, de forma genérica e sem a devida individualização de conduta, suposta participação em irregularidades no âmbito do Contrato nº 915/2016, firmado entre o DNIT e a empresa LINKCONEI EIRELI.

A inicial aponta, de forma vaga, que o réu teria contribuído para direcionamento da licitação, superfaturamento e outras práticas ilícitas, sem, contudo, demonstrar qualquer conduta dolosa, tampouco a existência de prejuízo efetivo ao erário ou enriquecimento ilícito por parte do contestante.

4. PRELIMINARES

4.1. Ausência de Individualização da Conduta

A petição inicial não individualiza adequadamente a conduta do réu V. J. B., violando o princípio do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV). A ausência de descrição clara e específica da conduta atribuída ao contestante compromete o exercício pleno do direito de defesa, tornando inepta a inicial quanto a ele.

5. DOS FATOS

O réu V. J. B. não detinha autonomia decisória quanto à celebração ou renovação do contrato com a empresa LINKCONEI EIRELI. Sua atuação no processo administrativo foi meramente opinativa e técnica, e, inclusive, manifestou-se expressamente ao Conselho de Administração do órgão, comunicando que não renovaria o contrato com a referida empresa, em razão de inconsistências detectadas no processo licitatório.

Tal manifestação foi acolhida pelo Conselho de Administração, que aprovou a não renovação do contrato sem qualquer ressalva, demonstrando que a conduta do réu foi pautada pela legalidade, transparência e zelo com a coisa pública.

Ademais, é importante destacar que o órgão público à época enfrentava sérias limitações de infraestrutura de tecnologia da informação (TI), o que dificultava a fiscalização e controle mais efetivo dos contratos administrativos, contexto que deve ser considerado na análise da conduta do réu.

6. DO DIREITO

6.1. Ausência de Dolo Específico

Nos termos da Lei 8.429/1992, art. 10, para a configuração de ato de improbidade administrativa é necessária a demonstração de dolo específico, conforme entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal no Tema 1.199/STF da repercussão geral (ARE 843.989/PR/STF).

A nova redação da Lei de Improbidade Administrativa, dada pela Lei 14.230/2021, exige a comprovação de dolo, inclusive para os atos previstos na Lei 14.230/2021, art. 10. Assim, não basta a mera irregularidade administrativa ou falha procedimental para configurar improbidade.

No caso em tela, não há qualquer elemento que comprove a intenção deliberada do réu em causar prejuízo ao erário ou violar princípios da Administraç�"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

I - Relatório

Trata-se de Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa proposta pelo Ministério Público Federal em face de V. J. B., servidor público federal, imputando-lhe, de forma genérica, suposta participação em irregularidades no Contrato nº 915/2016, firmado entre o DNIT e a empresa LINKCONEI EIRELI.

A petição inicial alega direcionamento de licitação, superfaturamento e outras práticas lesivas, sem, no entanto, apresentar individualização da conduta do réu, bem como sem demonstrar dolo, prejuízo ao erário ou enriquecimento ilícito.

O réu apresentou contestação, arguindo preliminar de inépcia da inicial por ausência de individualização da conduta e, no mérito, defendeu a improcedência da ação por ausência de dolo, inexistência de prejuízo ao erário e ausência de enriquecimento ilícito.

II - Fundamentação

O voto deve ser fundamentado nos termos da CF/88, art. 93, IX, que exige que todos os julgamentos do Poder Judiciário sejam públicos e que todas as decisões sejam fundamentadas, sob pena de nulidade.

2.1. Da Preliminar de Inépcia da Inicial

Verifica-se que a petição inicial carece de elementos mínimos que individualizem a conduta do réu V. J. B. A peça acusatória não descreve de forma clara seu papel nos supostos atos de improbidade, apontando apenas de maneira genérica sua participação, o que afronta o princípio do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV).

A jurisprudência é pacífica no sentido de que a ausência de descrição individualizada da conduta do agente torna inepta a petição inicial. Portanto, acolho a preliminar arguida.

2.2. Do Mérito (Por Cautela)

Ainda que se superasse a preliminar, o pedido não merece prosperar. Conforme se extrai dos autos, não há demonstração de dolo específico por parte do réu, elemento essencial para a configuração de ato de improbidade administrativa, nos termos da Lei 8.429/1992, com a redação da Lei 14.230/2021.

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consolidou, no Tema 1.199/STF da repercussão geral (ARE Acórdão/STF), o entendimento de que é indispensável a presença de dolo para configuração de improbidade, inclusive na Lei 8.429/1992, art. 10.

Ademais, não há nos autos qualquer indício ou prova de que o réu tenha obtido vantagem pessoal ou causado prejuízo ao erário. Ao contrário, observou-se que sua conduta foi técnica, opinativa e no sentido de evitar a renovação do contrato com indícios de irregularidade, o que revela zelo pela coisa pública.

Também consta dos autos que o réu não possuía autonomia decisória para firmar ou renovar contratos, limitando-se a emitir pareceres técnicos, os quais foram submetidos a instância superior, que deliberou pela não renovação do contrato.

A ausência de responsabilidade subjetiva, de nexo causal e de dano efetivo ao erário inviabiliza o prosseguimento da ação conforme os requisitos legais.

III - Dispositivo

Diante do exposto, com fundamento na CF/88, art. 93, IX, voto pelo acolhimento da preliminar de inépcia da petição inicial em relação ao réu V. J. B., extinguindo o processo sem resolução de mérito, nos termos do CPC/2015, art. 485, I.

Subsidiariamente, caso superada a preliminar, voto pela improcedência do pedido formulado pelo Ministério Público Federal em face de V. J. B., por ausência de dolo, inexistência de prejuízo ao erário e de enriquecimento ilícito.

Condeno o autor ao pagamento de honorários advocatícios, nos termos do CPC/2015, art. 85, no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa, considerando a ausência de complexidade da demanda e o trabalho desenvolvido pela parte ré.

IV - Conclusão

É como voto.

Brasília, 18 de dezembro de 2024.

___________________________________________
Magistrado Relator


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