Modelo de Contrarrazões ao Recurso Inominado em Ação de Obrigação de Fazer e Indenização por Danos Morais contra Concessionária de Energia Elétrica: Falha na Prestação do Serviço, Demora Injustificada e Negativa de Ligação em Imóvel Rural

Publicado em: 08/11/2024 Consumidor
Modelo de contrarrazões ao recurso inominado apresentado em processo que discute a responsabilidade civil de concessionária de energia elétrica (RGE Sul Distribuidora de Energia S/A) por falha na prestação do serviço, consistente em demora e negativa injustificada de ligação de energia elétrica em imóvel rural, mesmo após cumprimento das exigências administrativas e deferimento de tutela antecipada. O documento aborda a responsabilidade objetiva da concessionária, a configuração de dano moral in re ipsa, fundamentos do Código de Defesa do Consumidor (CDC), aplicação de princípios constitucionais e jurisprudência relacionada, requerendo a manutenção da sentença de condenação ao pagamento de danos morais e demais consectários legais.

CONTRARRAZÕES AO RECURSO INOMINADO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ª Vara do Juizado Especial Cível da Comarca de Bom Jesus/RS, com posterior remessa à Turma Recursal dos Juizados Especiais do Estado do Rio Grande do Sul.

2. SÍNTESE DO PROCESSO

Trata-se de ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos morais ajuizada por S. R. V. em face de RGE Sul Distribuidora de Energia S/A, visando à efetivação da ligação de energia elétrica em imóvel rural de sua propriedade, situado à BR 285, nº 500, distrito de Rondinha, Bom Jesus/RS. O Autor realizou três pedidos administrativos junto à ré, todos infrutíferos, sendo que o último tinha previsão de conclusão apenas para 19/10/2024, demonstrando descaso injustificável da concessionária.

O pedido de tutela antecipada foi deferido, determinando a ligação da energia em 24 horas, mas a ré só cumpriu a ordem judicial com atraso de 10 dias. A sentença de mérito condenou a ré ao pagamento de R$ 5.000,00 a título de danos morais. Inconformada, a concessionária interpôs Recurso Inominado, alegando ausência de omissão ou falha na prestação do serviço, atribuindo ao autor a responsabilidade pelo não atendimento das exigências administrativas e sustentando que não haveria direito à gratuidade da ligação.

3. TEMPESTIVIDADE E CABIMENTO

As presentes contrarrazões ao Recurso Inominado são tempestivas, uma vez que apresentadas dentro do prazo legal de 10 (dez) dias, conforme dispõe a Lei 9.099/95, art. 42, e são cabíveis diante da interposição do recurso pela parte ré contra sentença proferida por Juizado Especial Cível. Ressalta-se que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade extrínsecos e intrínsecos, sendo oportunizada a manifestação da parte recorrida.

Assim, requer-se o regular processamento das presentes contrarrazões, com a apreciação de seu mérito por esta Turma Recursal.

4. DOS FATOS

O Autor, S. R. V., é proprietário de imóvel rural e, necessitando do serviço essencial de energia elétrica, protocolou três pedidos administrativos junto à concessionária RGE Sul Distribuidora de Energia S/A. Apesar de ter apresentado toda a documentação exigida, conforme comprovam os protocolos administrativos e documentos acostados aos autos, a ré recusou-se a efetuar a ligação sob a alegação de que o ramal de acesso ultrapassava 30 metros e que a previsão de atendimento seria apenas para 19/10/2024.

Diante da omissão e da demora injustificada, o Autor viu-se compelido a ajuizar a presente ação. O pedido de tutela antecipada foi deferido, determinando a ligação da energia em 24 horas. Todavia, a ré descumpriu a ordem judicial, realizando a ligação apenas 10 dias após o prazo fixado, em 15/12/2023, conforme informado nos autos.

Em contestação, a ré alegou ausência de documentação e questionou a natureza do pedido, afirmando tratar-se de segundo ponto de ligação. Contudo, restou comprovado que se tratava do restabelecimento de ponto anteriormente cancelado ou suspenso, não havendo necessidade de obra para a ligação, tampouco de gratuidade, pois todas as taxas exigidas foram devidamente pagas pelo Autor.

Assim, ficou demonstrada a falha na prestação do serviço e o descaso da concessionária, que privou o Autor do acesso a serviço público essencial, mesmo diante do cumprimento de todas as exigências administrativas e legais.

5. DO DIREITO

5.1. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA CONCESSIONÁRIA

A concessionária de serviço público responde objetivamente pelos danos causados aos consumidores, nos termos do CDC, art. 14, caput e §1º. O fornecimento de energia elétrica é serviço público essencial, devendo ser prestado de forma adequada, eficiente e contínua (Lei 8.078/90, art. 22).

No caso em tela, restou incontroverso que o Autor cumpriu todas as exigências administrativas, protocolando os pedidos e apresentando a documentação necessária. A alegação de ausência de documentos não se sustenta, pois o último protocolo (nº 000846246471) foi encerrado com previsão de instalação para 19/10/2024, sem qualquer pendência imputável ao Autor.

5.2. DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

A demora injustificada e o descumprimento da ordem judicial configuram evidente falha na prestação do serviço, privando o consumidor de acesso a serviço essencial, em afronta aos princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), legalidade e boa-fé objetiva.

A conduta da ré obrigou o Autor a buscar o Poder Judiciário para ver atendido direito básico, caracterizando o chamado desvio produtivo do consumidor, que ocorre quando o consumidor é compelido a desperdiçar tempo e recursos para resolver problemas criados exclusivamente pelo fornecedor.

5.3. DA INEXISTÊNCIA DE CULPA DO AUTOR E DA DESNECESSIDADE DE GRATUIDADE

Não prospera a alegação de que o Autor não teria direito à ligação gratuita, pois não pleiteou tal benefício em juízo, tendo pago todas as taxas exigidas. Ademais, não se tratava de segundo ponto de ligação, mas do restabelecimento de ponto anteriormente existente, não havendo necessidade de obra ou de apresentação de documentos adicionais.

5.4. DO D"'>...


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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de Recurso Inominado interposto por RGE Sul Distribuidora de Energia S/A em face de sentença que julgou procedente o pedido de S. R. V., condenando a recorrente à obrigação de efetuar ligação de energia elétrica em imóvel rural, bem como ao pagamento de R$ 5.000,00 a título de danos morais. A controvérsia reside na alegada ausência de omissão ou falha na prestação do serviço, bem como na suposta inexistência de direito à gratuidade da ligação. O recurso foi recebido no efeito devolutivo, tendo sido apresentadas contrarrazões pela parte autora.

Fundamentação

Admissibilidade

Verifico que o recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no art. 42 da Lei 9.099/95, motivo pelo qual dele conheço.

Dos Fatos e do Direito

Restou incontroverso nos autos que o autor protocolou, por diversas vezes, os pedidos administrativos necessários para obtenção do serviço de energia elétrica, apresentando toda a documentação exigida, sem que houvesse atendimento pela concessionária no prazo legal e razoável.

Apesar de deferida a tutela antecipada, determinando a ligação em 24 horas, a ré cumpriu a ordem judicial apenas 10 dias após o prazo fixado, demonstrando descumprimento injustificado e afronta à autoridade da decisão judicial.

A responsabilidade da concessionária é objetiva, nos termos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, e o fornecimento de energia elétrica configura serviço público essencial, devendo ser prestado de forma adequada, eficiente e contínua (Lei 8.078/90, art. 22).

A alegação de ausência de documentação não se sustenta, pois os autos demonstram que o autor cumpriu todas as exigências administrativas, não havendo pendência imputável à parte autora. Igualmente, não prospera a tese de que se tratava de segundo ponto de ligação ou de gratuidade indevida, pois restou evidenciado que todos os encargos foram devidamente pagos e que se tratava de restabelecimento de ponto anteriormente existente.

O descumprimento da ordem judicial e a demora injustificada privaram o autor do acesso a serviço público essencial, em flagrante violação aos princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), da legalidade, da eficiência e da continuidade do serviço público.

A jurisprudência consolidada reconhece que a privação ou interrupção injustificada de serviço essencial enseja reparação por danos morais, sendo desnecessária a demonstração de prejuízo concreto (dano moral in re ipsa).

O valor fixado a título de dano moral (R$ 5.000,00) observa os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, não merecendo redução.

Dos Fundamentos Constitucionais

O voto é proferido em atenção ao disposto no art. 93, IX, da Constituição Federal, que exige fundamentação das decisões judiciais, bem como em observância aos princípios constitucionais do devido processo legal, dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), acesso à justiça (CF/88, art. 5º, XXXV), eficiência e continuidade do serviço público.

Do Pedido e da Decisão

Diante do exposto, nego provimento ao Recurso Inominado, mantendo integralmente a sentença de primeiro grau, por seus próprios fundamentos.

Condeno a recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95, salvo beneficiária da gratuidade da justiça.

É como voto.

Dispositivo

Ante o exposto, conheço do recurso e, no mérito, nego-lhe provimento, mantendo integralmente a sentença recorrida.

É o voto.

Referências Legais e Jurisprudenciais

  • Constituição Federal de 1988, art. 1º, III; art. 5º, XXXV; art. 93, IX
  • Lei 9.099/95, art. 42 e art. 55
  • Código de Defesa do Consumidor, art. 14 e art. 22
  • Jurisprudências citadas nos autos

Bom Jesus/RS, ___ de ____________ de 2024.

Juiz Relator


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