Modelo de Impugnação à Contestação em Ação Declaratória de Inexistência de Débito c/c Repetição de Indébito e Indenização por Danos Morais contra Cooperativa de Crédito

Publicado em: 16/10/2024 Processo CivilConsumidor
Documento jurídico referente à impugnação à contestação apresentada em uma ação declaratória de inexistência de débito cumulada com repetição de indébito e indenização por danos morais. A autora contesta a argumentação do réu, uma cooperativa de crédito, que alegou a inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e apresentou documentos que não comprovam autorização válida para descontos realizados em conta corrente da autora. O pedido enfatiza a ilegalidade dos débitos realizados sobre verbas salariais e rescisórias, a aplicação do CDC na relação jurídica, a inversão do ônus da prova e a indenização por danos morais devido à retenção indevida de valores essenciais à subsistência.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE [CIDADE] – ESTADO DE [UF]


1. PREÂMBULO

M. F. de S. L., brasileira, solteira, auxiliar administrativa, portadora do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliada na Rua [endereço completo], endereço eletrônico: [e-mail da autora], já qualificada nos autos da AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, processo nº XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX, que move em face de SICREDI COOPERATIVA DE CRÉDITO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº XX.XXX.XXX/0001-XX, com sede na Rua [endereço completo], por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no CPC/2015, art. 350, apresentar a presente:

IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO

pelas razões de fato e de direito que passa a expor.


2. SÍNTESE DA CONTESTAÇÃO

O réu apresentou contestação na qual, em sede preliminar, alegou a inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor (CDC), sob o argumento de que a relação entre as partes decorre de vínculo cooperativo e não de consumo. Sustentou, ainda, a inaplicabilidade da inversão do ônus da prova, alegando que não há hipossuficiência da autora.

No mérito, defendeu a legalidade dos descontos realizados na conta corrente da autora, com base em suposta autorização contratual, e negou a existência de danos morais indenizáveis. Juntou aos autos documentos que alega serem contratos assinados pela autora, os quais, no entanto, não comprovam a autorização específica para o débito em conta de valores oriundos de verbas salariais e rescisórias.


3. DA IMPUGNAÇÃO ÀS PRELIMINARES

3.1. DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC)

O argumento do réu de que a relação entre as partes não se submete ao CDC por se tratar de cooperativa não merece prosperar. A jurisprudência pátria é pacífica no sentido de que, mesmo em relações cooperativas, quando há prestação de serviços financeiros, aplica-se o CDC, conforme dispõe o CDC, art. 2º e art. 3º, sendo a autora consumidora e o réu fornecedor de serviços.

Conforme decidido pelo TJSP, Apelação Cível 1001374-44.2024.8.26.0438, “relação negocial regida pelo CDC. Inteligência do art. 6º, VIII, da legislação especial”. Assim, é plenamente cabível a aplicação do CDC à presente demanda.

3.2. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Nos termos do CDC, art. 6º, VIII, é direito básico do consumidor a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, quando for verossímil a alegação ou quando for hipossuficiente. No presente caso, a autora é pessoa física, leiga em relação às práticas bancárias e financeiras, o que caracteriza sua hipossuficiência técnica.

Ademais, os documentos apresentados pelo réu não comprovam de forma inequívoca a autorização para os descontos realizados, sendo, portanto, imprescindível a inversão do ônus da prova para que o réu demonstre a regularidade dos débitos.

Conforme jurisprudência do TJSP, Apelação Cível 1054422-23.2023.8.26.0576, “cabe à instituição financeira o ônus da prova da regularidade da contratação e da exigibilidade do débito”.


4. DA IMPUGNAÇÃO AO MÉRITO

4.1. DA INEXISTÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO VÁLIDA PARA DÉBITO EM CONTA CORRENTE

O réu juntou aos autos contratos genéricos, datados de 15 de junho de 2020 (fls. 205/210), que não se referem ao objeto principal da presente ação. O contrato que supostamente autorizaria os débitos em conta corrente (fls. 265/274) não contém a assinatura da autora, sendo, portanto, inválido como prova de anuência.

Conforme entendimento consolidado, a ausência de assinatura ou de meios que comprovem a ciência inequívoca do consumidor (como IP, geolocalização ou biometria) invalida o contrato. Nesse sentido, o TJSP, Apelação Cível 1054422-23.2023.8.26.0576 decidiu que “a mera apresentação de telas sistêmicas e extratos parciais, sem documentos assinados ou elementos que atestem a autenticidade da adesão digital, não é suficiente para comprovar a contratação”.

4.2. DA ILEGALIDADE DO DÉBITO EM CONTA PROVENIENTE DE VERBAS SALARIAIS E RESCISÓRIAS

Os valores debitados pelo réu são oriundos de verbas salariais e rescisórias, conforme comprovado nos documentos de fls. 14/17. Tais valores são absolutamente impenhoráveis, nos termos do CPC/2015, art. 833, IV, e protegidos"'>...

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Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Trata-se de Ação Declaratória de Inexistência de Débito c/c Repetição de Indébito e Indenização por Danos Morais proposta por M. F. de S. L. em face de SICREDI COOPERATIVA DE CRÉDITO, na qual a parte autora pleiteia a declaração de inexistência de débito oriundo de descontos não autorizados em sua conta corrente, bem como a devolução dos valores e indenização por danos morais.

Inicialmente, conheço do pedido, por estarem presentes os pressupostos de admissibilidade, notadamente a legitimidade das partes, a regularidade da representação processual e a presença de interesse de agir.

I - Das Preliminares

Rejeito as preliminares levantadas pelo réu.

A alegação de inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor não prospera, uma vez que a relação jurídica entre as partes envolve a prestação de serviços financeiros, nos moldes dos arts. 2º e 3º do CDC. A jurisprudência reiterada reconhece a aplicação da legislação consumerista mesmo em casos envolvendo cooperativas de crédito, desde que caracterizada a vulnerabilidade da parte autora, como no presente caso.

Quanto à inversão do ônus da prova, esta é medida que se impõe. A autora é pessoa física, leiga em questões bancárias, o que configura hipossuficiência técnica. Assim, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, concedo a inversão do ônus da prova.

II - Do Mérito

Passando ao mérito, verifica-se que os documentos juntados pelo réu não comprovam a existência de autorização válida e específica para os descontos efetuados. O suposto contrato de autorização (fls. 265/274) não contém assinatura da autora, tampouco elementos de segurança que atestem sua anuência, como IP, geolocalização ou biometria.

Ademais, restou incontroverso que os valores debitados decorrem de verbas salariais e rescisórias, conforme fls. 14/17, recursos estes protegidos constitucionalmente (CF/88, art. 7º, X) e legalmente (CPC, art. 833, IV), por sua natureza alimentar. A jurisprudência é uníssona ao reconhecer a ilegalidade de descontos que incidem sobre tais verbas, ainda que haja autorização, por se tratar de norma de ordem pública.

Quanto à cobrança de juros, a planilha apresentada pelo réu aplica índices superiores à taxa SELIC, contrariando o entendimento do STJ quanto à necessidade de observância deste índice na ausência de cláusula contratual válida.

No tocante aos danos morais, entendo que o desconto indevido sobre valores de natureza alimentar compromete diretamente a dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), sendo presumido o abalo moral sofrido, pois afeta a subsistência da parte autora. A jurisprudência do TJSP é clara ao reconhecer a ocorrência de dano moral em situações análogas.

III - Da Fundamentação Legal

O presente voto se fundamenta nos seguintes dispositivos constitucionais e legais:

  • CF/88, art. 1º, III – dignidade da pessoa humana;
  • CF/88, art. 7º, X – proteção das verbas salariais;
  • CPC, art. 833, IV – impenhorabilidade de salários;
  • CDC, arts. 2º, 3º, 6º, 14 e 42 – relação de consumo e responsabilidade objetiva do fornecedor;
  • CPC, art. 373, II – ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor;
  • CF/88, art. 93, IX – motivação das decisões judiciais.

IV - Dispositivo

Diante do exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para:

  1. Declarar a inexistência do débito objeto da presente ação;
  2. Condenar o réu à restituição simples dos valores indevidamente descontados da conta da autora, nos termos da fundamentação;
  3. Condenar o réu ao pagamento de indenização por danos morais, que arbitro em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), considerando os princípios da razoabilidade e proporcionalidade;
  4. Determinar a aplicação da taxa SELIC como índice de correção monetária e juros legais;
  5. Conceder a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC;
  6. Condenar o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, §2º, do CPC.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.


[Cidade], [Data de Julgamento].

Juiz de Direito
Vara Cível da Comarca de [Cidade] – [UF]


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