Modelo de Memoriais Finais de Defesa em Ação Penal por Lesão Corporal no Âmbito Doméstico com Pedido de Extinção da Punibilidade pela Prescrição e Alternativamente Absolvição ou Fixação de Pena Mínima

Publicado em: 11/10/2024 Direito Penal Processo Penal
Documento jurídico contendo memoriais finais apresentados pela defesa em uma ação penal por lesão corporal no âmbito doméstico, com base no artigo 129, §9º do CP combinado com a Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). O texto aborda a ocorrência de prescrição da pretensão punitiva devido ao decurso do prazo legal previsto no artigo 109, inciso IV do CP, frente à ausência de causas interruptivas. Caso a preliminar seja rejeitada, a defesa solicita a absolvição do réu por insuficiência de provas, com fundamento no artigo 386, inciso VII do CPP, e, subsidiariamente, requer a aplicação da pena mínima legal, regime aberto e concessão do sursis. Inclui análise probatória, jurisprudências relevantes e fundamentação jurídica detalhada.

MEMORIAIS FINAIS – DEFESA

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Caxias do Sul – RS

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

E. C. S. M., já qualificado nos autos da Ação Penal que lhe move o Ministério Público, processo nº XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX, por intermédio de seu advogado que esta subscreve (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar seus MEMORIAIS FINAIS, com fundamento no artigo 403, §3º do CPP, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

3. SÍNTESE FÁTICA

O acusado foi denunciado como incurso nas sanções do CP, art. 129, §9º, combinado com a Lei 11.340/2006, sob a alegação de que teria agredido fisicamente sua então companheira, Sra. T. S. dos S., após discussão motivada pelo consumo de álcool. A denúncia foi recebida em 04 de outubro de 2016 (Evento 2).

A vítima relatou que sofreu agressões físicas como socos, puxões de cabelo, enforcamento e ameaças de morte, supostamente ocorridas na residência do casal. A mãe da vítima confirmou que a filha chegou abalada e com hematomas visíveis. O réu, por sua vez, negou as agressões, alegando que os ferimentos decorreram de uma queda no trabalho.

O feito tramitou regularmente, sem qualquer causa interruptiva da prescrição, e até a presente data não foi prolatada sentença.

4. PRELIMINAR – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO

A denúncia foi recebida em 04/10/2016. Considerando que o crime imputado ao acusado possui pena máxima de 03 (três) anos de detenção (CP, art. 129, §9º), o prazo prescricional é de 08 (oito) anos, conforme o CP, art. 109, inciso IV.

Não houve qualquer causa interruptiva da prescrição desde o recebimento da denúncia. Assim, tendo transcorrido mais de 08 (oito) anos sem sentença, verifica-se a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva estatal.

Diante disso, requer-se o reconhecimento da extinção da punibilidade do acusado, com fundamento no CP, art. 107, IV, em razão da prescrição da pretensão punitiva.

5. DO DIREITO

5.1. DA INSUFICIÊNCIA DE PROVAS PARA CONDENAÇÃO

Caso não seja acolhida a preliminar de prescrição, o que se admite apenas por argumentar, a absolvição do acusado é medida que se impõe.

A instrução processual revelou fragilidade probatória. A versão da vítima, embora relevante, não foi corroborada por provas robustas e seguras. O acusado negou os fatos e não há testemunhas presenciais das supostas agressões. A mãe da vítima apenas confirmou o estado emocional da filha, sem presenciar os fatos.

Conforme dispõe o CPP, art. 155, o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial. A condenação não pode se fundar exclusivamente em elementos colhidos na fase investigatória.

A jurisprudência é pacífica no sentido de que, em casos de dúvida razoável, deve-se aplicar o princípio do in dubio pro reo, conforme será demonstrado adiante. ...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Trata-se de Ação Penal proposta pelo Ministério Público em desfavor de E. C. S. M., acusado da prática do crime previsto no art. 129, §9º, do Código Penal, combinado com a Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), em razão de supostas agressões físicas contra sua então companheira, Sra. T. S. dos S.

1. Da Preliminar de Prescrição

Suscita a defesa, em sede preliminar, a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva estatal, com fulcro no art. 107, IV, do Código Penal, tendo em vista que a denúncia foi recebida em 04 de outubro de 2016 e até a presente data não houve sentença condenatória.

A infração penal imputada possui pena máxima de 3 (três) anos de detenção, estabelecendo-se, nos termos do art. 109, IV, do CP, o prazo prescricional de 8 (oito) anos. Ausente nos autos qualquer causa interruptiva ou suspensiva da prescrição, constata-se que o prazo transcorreu integralmente sem sentença.

Assim, reconheço a extinção da punibilidade do acusado pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva estatal, nos termos do art. 107, IV, do Código Penal.

2. Da Análise de Mérito (Subsidiariamente)

Superada a preliminar — o que faço apenas por argumentar —, passo à análise do mérito.

A materialidade do delito está evidenciada pelos relatos constantes dos autos, em especial pelas declarações da vítima. Todavia, no que pertine à autoria, a prova colhida na instrução revela-se frágil.

A palavra da vítima, embora relevante em casos de violência doméstica, não foi corroborada por outras provas robustas. A testemunha arrolada (mãe da vítima) não presenciou os fatos, limitando-se a relatar o estado emocional da filha após o episódio.

O acusado negou as agressões, atribuindo os ferimentos a uma queda no trabalho. Não há testemunhas presenciais, laudos periciais ou demais elementos que possam conferir certeza à acusação.

Diante desse cenário, impõe-se a aplicação do princípio do in dubio pro reo, consagrado no art. 386, VII, do Código de Processo Penal, segundo o qual deve o réu ser absolvido quando não houver prova suficiente para a condenação.

3. Conclusão

Ante o exposto, com fulcro no art. 93, IX, da Constituição Federal, que exige a fundamentação das decisões judiciais, voto no sentido de:

  • Conhecer da ação penal, por estarem presentes os requisitos de admissibilidade;
  • Julgar extinta a punibilidade do acusado E. C. S. M. com fundamento no art. 107, IV, do Código Penal, em razão da ocorrência da prescrição da pretensão punitiva;
  • Subsidiariamente, caso não se acolha a preliminar, voto pela absolvição do acusado, com fundamento no art. 386, VII, do Código de Processo Penal, por insuficiência de provas quanto à autoria delitiva.

É como voto.

Caxias do Sul, 20 de abril de 2024.

_______________________________________
Juiz de Direito


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