Modelo de Pedido de revogação de prisão preventiva de acusado dependente químico, fundamentado na ausência dos requisitos legais, excesso de prazo, estado de saúde mental e desproporcionalidade da medida

Publicado em: 22/04/2025 Direito Penal Processo Penal
Modelo de petição para requerer a revogação da prisão preventiva de A. J. dos S., com base no artigo 316 do CPP, princípios constitucionais da dignidade humana, legalidade e presunção de inocência, destacando a ausência de requisitos legais para a custódia, excesso de prazo, estado de saúde mental agravado e aplicação de medidas cautelares diversas da prisão. Inclui fundamentação jurídica detalhada, jurisprudência e pedidos para expedição de alvará de soltura, reavaliação periódica da prisão e produção de provas.

PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de [Cidade/UF]

(Observação: Caso o processo já tramite em grau recursal, endereçar ao Tribunal de Justiça do Estado de [UF], conforme a competência recursal estimada.)

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, profissão [informar], portador do CPF nº [informar], RG nº [informar], residente e domiciliado à [endereço completo], endereço eletrônico [informar], por seu advogado (instrumento de mandato anexo), inscrito na OAB/[UF] sob o nº [informar], com escritório profissional à [endereço completo], endereço eletrônico [informar], vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no CPP, art. 316, parágrafo único, bem como nos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, legalidade e presunção de inocência (CF/88, art. 5º, incisos II, LIV, LVII), requerer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA nos autos do processo nº [informar], em que figura como acusado.

3. SÍNTESE FÁTICA

O requerente, A. J. dos S., é dependente químico, fato este notório e reconhecido nos autos. Até 22 de outubro de 2024, encontrava-se submetido à monitoração eletrônica (tornozeleira), em razão de condenações anteriores por pequenos furtos. Na data mencionada, mesmo sob o uso da tornozeleira, foi surpreendido praticando novo furto, consistente na subtração de um pneu usado, posteriormente vendido por R$ 5,00.

Após a prisão em flagrante, foi conduzido à audiência de custódia, ocasião em que a prisão foi convertida em preventiva, não obstante a existência de ilicitudes, como confissão mediante tortura e ameaças perpetradas por policial responsável pela condução do acusado, conforme consta do depoimento prestado em juízo, inclusive sob algemas.

Posteriormente, foi instaurado incidente de insanidade mental, deferido por este juízo, reconhecendo-se a necessidade de avaliação da saúde mental do requerente. Apesar disso, A. J. dos S. permanece recluso há mais de seis meses, sem condenação, e recentemente foi transferido para regime de isolamento, agravando ainda mais seu quadro de saúde física e mental.

Ressalte-se, ainda, que o acusado já cumpria medida cautelar de monitoração eletrônica há nove meses antes da atual prisão, e não houve, desde então, reavaliação judicial acerca da necessidade de manutenção da segregação cautelar, em flagrante desrespeito ao CPP, art. 316, parágrafo único.

4. DOS FUNDAMENTOS DO PEDIDO

4.1. Ausência dos Requisitos da Prisão Preventiva

A prisão preventiva, nos termos do CPP, art. 312, exige a presença concomitante de prova da existência do crime, indício suficiente de autoria e demonstração concreta da necessidade da medida, seja para garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal.

No caso em tela, o crime imputado ao requerente não envolveu violência ou grave ameaça à pessoa, tratando-se de furto de pequeno valor (um pneu usado, vendido por R$ 5,00), o que evidencia a desproporcionalidade da manutenção da custódia cautelar, sobretudo diante do histórico de dependência química e da ausência de risco concreto à ordem pública ou à instrução criminal.

4.2. Princípio da Proporcionalidade e da Homogeneidade

O princípio da proporcionalidade, consagrado no CF/88, art. 5º, inciso LIV, exige que as medidas cautelares sejam aplicadas como ultima ratio, ou seja, apenas quando estritamente necessárias e adequadas ao caso concreto. Ademais, a custódia cautelar não pode ser mais gravosa do que a eventual pena a ser imposta, sob pena de violação ao princípio da homogeneidade.

4.3. Medidas Cautelares Diversas da Prisão

O CPP, art. 319 prevê a possibilidade de aplicação de medidas cautelares diversas da prisão, as quais já vinham sendo cumpridas pelo requerente (monitoração eletrônica), sem notícia de descumprimento relevante. A manutenção da prisão preventiva, portanto, revela-se excessiva e desnecessária, podendo ser substituída por medidas menos gravosas.

4.4. Revisão Obrigatória da Prisão Preventiva

O CPP, art. 316, parágrafo único, com redação dada pela Lei 13.964/2019, impõe ao magistrado o dever de revisar, a cada 90 dias, a necessidade de manutenção da prisão preventiva, mediante decisão fundamentada. No caso, não houve tal reavaliação, o que configura constrangimento ilegal e enseja a imediata revogação da prisão.

4.5. Estado de Saúde e Incidente de Insanidade Mental

O requerente é portador de graves problemas de saúde física e mental, situação agravada pelo regime de isolamento a que foi recentemente submetido. A instauração do incidente de insanidade mental reforça a necessidade de tratamento adequado, incompatível com a manutenção da prisão preventiva em estabelecimento prisional comum.

4.6. Excesso de Prazo e Presunção de Inocência

O acusado encontra-se preso há mais de seis meses sem condenação, em flagrante excesso de prazo, o que afronta o princípio da razoável duração do processo (CF/88, art. 5º, LXXVIII) e da presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII).

Diante de todo o exposto, resta evidente a ausência de requisitos para a manutenção da prisão preventiva, devendo ser revogada, com a aplicação de medidas cautelares diversas, se "'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de pedido de revogação de prisão preventiva formulado por A. J. dos S., atualmente recolhido há mais de seis meses em razão de custódia cautelar, após prisão em flagrante pela suposta prática de furto de um pneu usado, vendido por R$ 5,00. O requerente, dependente químico, já cumpria monitoramento eletrônico, e foi submetido à prisão preventiva após audiência de custódia. Destaca-se, ainda, a existência de incidente de insanidade mental deferido no curso do processo, bem como a alegação de confissão obtida mediante tortura e ausência de reavaliação da necessidade da prisão cautelar.

II. Fundamentação

1. Da Obrigatoriedade de Fundamentação das Decisões Judiciais

Nos termos do art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, todas as decisões do Poder Judiciário devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade. Assim, passo à análise dos fatos e do direito aplicável ao caso concreto.

2. Da Legalidade e Necessidade da Prisão Preventiva

A prisão preventiva é medida de exceção, somente admitida quando presentes os requisitos do art. 312 do CPP, quais sejam: prova da existência do crime, indícios suficientes de autoria e demonstração concreta da necessidade da segregação cautelar para garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal.

O crime imputado ao requerente - furto de pequeno valor, sem violência ou grave ameaça à pessoa - evidencia desproporcionalidade na manutenção da prisão, especialmente diante do histórico de dependência química do acusado e da inexistência de risco concreto à ordem pública ou à instrução criminal.

3. Da Proporcionalidade e Homogeneidade

O princípio da proporcionalidade, previsto no art. 5º, LIV, da CF/88, e da homogeneidade, impõe que a prisão cautelar não seja mais severa do que a pena a ser eventualmente aplicada, devendo ser considerada medida de última ratio. No caso, a manutenção da prisão por período superior a seis meses, sem condenação, revela-se excessiva, sobretudo considerando que o acusado já cumpria monitoramento eletrônico e não há notícia de descumprimento relevante.

4. Da Possibilidade de Medidas Cautelares Diversas

O art. 319 do CPP prevê medidas cautelares alternativas à prisão, as quais demonstraram-se suficientes até então para resguardar a ordem pública e o regular andamento do processo. Não há nos autos elemento novo que justifique a manutenção da segregação excepcional.

5. Da Revisão Obrigatória da Prisão Preventiva

O art. 316, parágrafo único, do CPP determina a revisão periódica da necessidade da prisão preventiva a cada 90 dias, mediante decisão fundamentada, sob pena de ilegalidade da segregação. No caso, não há nos autos decisão recente que reavalie a necessidade da custódia, o que caracteriza constrangimento ilegal.

6. Do Estado de Saúde e Incidente de Insanidade Mental

O requerente é portador de graves problemas de saúde física e mental, situação agravada pelo regime de isolamento. O deferimento de incidente de insanidade mental reforça a necessidade de tratamento adequado, incompatível com a manutenção da prisão em estabelecimento prisional comum.

7. Do Excesso de Prazo e Presunção de Inocência

O acusado encontra-se preso há mais de seis meses sem condenação, em afronta ao princípio da razoável duração do processo (CF/88, art. 5º, LXXVIII) e da presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII).

8. Das Jurisprudências Aplicáveis

A jurisprudência pátria, conforme destacado nos autos, é firme no sentido de que a prisão cautelar deve restringir-se à extrema necessidade e observar o princípio da homogeneidade, não podendo ser mais gravosa do que a sanção a ser eventualmente imposta (TJRJ - Habeas Corpus Acórdão/TJRJ). Ademais, a ausência de reavaliação da custódia enseja o reconhecimento da ilegalidade da prisão.

III. Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento no art. 93, IX, da CF/88, artigos 312, 316, parágrafo único, e 319 do CPP, art. 5º, incisos III, LIV, LVII e LXXVIII, da Constituição Federal, JULGO PROCEDENTE o pedido para REVOGAR A PRISÃO PREVENTIVA de A. J. dos S., expedindo-se, para tanto, alvará de soltura, salvo se por outro motivo não estiver preso, e, se necessário, imponho as seguintes medidas cautelares diversas da prisão (art. 319 do CPP), a serem especificadas conforme o juízo de adequação e necessidade pelo juízo de origem.

Intime-se o Ministério Público para manifestação, nos termos do art. 282, §3º, do CPP.

Comunique-se a autoridade policial para cumprimento.

Publique-se. Registre-se. Cumpra-se.

IV. Certidão de Julgamento

Ciente o Ministério Público. Transitada em julgado, arquivem-se os autos com as anotações de praxe.

V. Observações Finais

Este voto está fundamentado de acordo com a Constituição Federal, legislação infraconstitucional pertinente e jurisprudência dominante, em estrita observância à obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais (CF/88, art. 93, IX).

[Cidade], [data].

___________________________
[Nome do Magistrado]
Juiz de Direito


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