Modelo de Réplica à Contestação em Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Danos Morais contra Uber do Brasil Tecnologia LTDA

Publicado em: 09/10/2024 CivelConsumidor
Documento contendo a réplica do autor J. C. S. dos S. em face da contestação apresentada por Uber do Brasil Tecnologia LTDA em ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos morais. A peça jurídica aborda a manutenção da gratuidade da justiça, a caracterização da relação de consumo com aplicação do CDC, a impugnação à justificativa da ré para negativa de cadastro na plataforma e a invocação de princípios constitucionais como dignidade da pessoa humana e presunção de inocência. Inclui pedidos como condenação da ré à obrigação de fazer e pagamento de indenização por danos morais.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 21ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE ARACAJU – SE

Processo nº: 0042988-26.2024.8.25.0001

REQUERENTE: J. C. S. dos S.

REQUERIDO: UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA

J. C. S. dos S., já qualificado nos autos da Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Danos Morais que move em face de UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA, por seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no CPC/2015, art. 350, apresentar a presente:

RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

em face da contestação apresentada pela parte ré, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

1. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES E DO NÚMERO DO PROCESSO

Autor: J. C. S. dos S. – CPF: XXX.XXX.XXX-XX – Endereço eletrônico: autor@email.com

Ré: UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA – CNPJ: XX.XXX.XXX/0001-XX – Endereço eletrônico: uber@uber.com.br

Processo: 0042988-26.2024.8.25.0001

2. SÍNTESE DA CONTESTAÇÃO APRESENTADA PELO RÉU

A parte ré, em sua contestação, alegou, em resumo, que: (i) o autor não faz jus à gratuidade da justiça; (ii) inexiste relação de consumo entre as partes, afastando-se a aplicação do Código de Defesa do Consumidor; (iii) a negativa de cadastro decorre da autonomia privada e liberdade contratual da empresa; (iv) a recusa de habilitação do autor na plataforma se deu por justo motivo, em razão da existência de processo criminal vinculado ao seu CPF, relacionado a violência doméstica.

3. IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA AOS ARGUMENTOS DA CONTESTAÇÃO

3.1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

A impugnação ao pedido de gratuidade da justiça não merece prosperar. O autor encontra-se atualmente desempregado, conforme comprovado nos autos, e declarou expressamente sua hipossuficiência econômica, nos termos do CPC/2015, art. 99, §3º. A simples contratação de advogado particular não afasta, por si só, o direito à gratuidade, conforme entendimento pacífico da jurisprudência.

Ademais, a jurisprudência fornecida corrobora tal entendimento, ao afirmar que a ausência de elementos concretos para infirmar a hipossuficiência do autor impõe a manutenção da benesse (TJSP – Recurso Inominado Cível 1011557-90.2024.8.26.0562).

3.2. DA RELAÇÃO DE CONSUMO E APLICAÇÃO DO CDC

Ao contrário do que sustenta a ré, a relação jurídica entre o autor e a plataforma Uber é de consumo, na medida em que o autor é destinatário final do serviço de intermediação tecnológica prestado pela empresa, nos termos do CDC, art. 2º. A jurisprudência já reconheceu que motoristas de aplicativo são consumidores da plataforma, especialmente quando se encontram em posição de vulnerabilidade técnica e econômica.

Assim, é plenamente aplicável a inversão do ônus da prova, conforme CDC, art. 6º, VIII, diante da verossimilhança das alegações e da hipossuficiência do autor.

3.3. DA AUTONOMIA PRIVADA E LIBERDADE CONTRATUAL

Embora o princípio da autonomia da vontade seja assegurado pelo CF/88, art. 5º, XX e pelo CCB/2002, art. 421, tal liberdade não é absoluta. A recusa imotivada ou discriminatória ao cadastro de um trabalhador em uma plataforma digital configura abuso de direito, vedado pelo CCB/2002, art. 187.

No caso em tela, o autor demonstrou que não possui antecedentes criminais, sendo vítima de fraude documental. A recusa da ré, sem oportunizar contraditório ou direito de defesa, revela-se arbitrária e discriminatória, violando os princípios da dignidade da pessoa humana e da não discriminação.

3.4. DA INEXISTÊNCIA DE JUSTO MOTIVO PARA A NEGATIVA DE CADASTRO

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Processo nº: 0042988-26.2024.8.25.0001

Requerente: J. C. S. dos S.

Requerido: UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA

Voto

Cuida-se de Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Indenização por Danos Morais, ajuizada por J. C. S. dos S. em face de UBER DO BRASIL TECNOLOGIA LTDA, na qual se alega negativa indevida de cadastramento do autor na plataforma da requerida, fundada em suposta existência de antecedentes criminais, os quais o autor afirma serem fruto de fraude.

Inicialmente, quanto à gratuidade da justiça, entendo que assiste razão ao autor. Comprovada sua situação de desemprego e declarada a sua hipossuficiência econômica, nos termos do art. 99, §3º, do CPC/2015, não há nos autos elementos suficientes para infirmar tal condição. A jurisprudência do TJSP (Recurso Inominado Cível Acórdão/TJSP) corrobora esse entendimento. Assim, mantenho o benefício da justiça gratuita.

No que tange à relação de consumo, reconheço sua existência, conforme art. 2º do Código de Defesa do Consumidor. Embora se trate de uma plataforma de intermediação tecnológica, a condição de vulnerabilidade técnica e econômica do autor diante da ré atrai a incidência do CDC, inclusive para fins de inversão do ônus da prova, conforme art. 6º, VIII, do mesmo diploma legal.

Quanto à autonomia privada e liberdade contratual, é certo que tais princípios encontram respaldo no art. 5º, XX, da CF/88 e no art. 421 do Código Civil. Contudo, tais prerrogativas não são absolutas. O exercício abusivo do direito, nos termos do art. 187 do Código Civil, é vedado. No caso em tela, não restou devidamente comprovado pela ré que a negativa de cadastramento do autor decorre de justo motivo. Ao contrário, o autor demonstrou que não possui antecedentes criminais, sendo vítima de fraude documental.

Ademais, é imperioso destacar que a mera existência de ação penal em que não há sentença condenatória transitada em julgado, não pode servir como fundamento para restringir o exercício de atividade profissional. Tal conduta viola o princípio da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/88), bem como os princípios da dignidade da pessoa humana e da não discriminação (art. 1º, III, e art. 5º, XLI, da CF/88).

No tocante à obrigação de fazer, entendo que deve ser acolhida a pretensão autoral, determinando-se que a ré proceda à habilitação do autor em sua plataforma, resguardado o direito de exigir documentação regular e atualizada.

Quanto ao dano moral, entendo que o autor faz jus à indenização. A negativa de cadastro, sem justificativa razoável e com base em informações não confirmadas, causou-lhe constrangimento e impediu o exercício de atividade laboral, o que configura violação à sua honra e dignidade, nos termos do art. 6º, VI, do CDC. O valor da indenização deverá ser arbitrado em liquidação, observando-se os princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

Dispositivo

Ante o exposto, com fulcro no art. 93, IX, da Constituição Federal, que exige a devida fundamentação das decisões judiciais, julgo PROCEDENTE o pedido inicial para:

  1. Confirmar o benefício de gratuidade da justiça ao autor, nos termos do art. 98 do CPC/2015.
  2. Reconhecer a existência de relação de consumo entre as partes, com aplicação do Código de Defesa do Consumidor ao caso concreto.
  3. Declarar abusiva e discriminatória a negativa de cadastramento do autor na plataforma da ré.
  4. Condenar a ré à obrigação de fazer, consistente na habilitação do autor em sua plataforma digital, desde que preenchidos os requisitos legais e contratuais regulares.
  5. Condenar a ré ao pagamento de indenização por danos morais ao autor, em valor a ser fixado em liquidação de sentença.
  6. Condenar a ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, §2º, do CPC/2015.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Aracaju/SE, 10 de junho de 2024.

Juiz de Direito
21ª Vara Cível da Comarca de Aracaju – SE


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