Modelo de Resposta à Acusação: Defesa contra Denúncia Baseada em Lei Penal Posterior e Inépcia da Denúncia

Publicado em: 01/05/2024 Direito Penal
Apresentação de resposta à acusação em processo criminal, com fundamento na irretroatividade da Lei 14.132/2021 e na inépcia da denúncia do Ministério Público. A peça sustenta que os fatos narrados ocorreram em 2020, antes da vigência da nova lei que tipifica o crime de perseguição (stalking), invocando o princípio constitucional da irretroatividade da lei penal mais gravosa. Além disso, aponta vícios formais na peça inicial que comprometem o contraditório e a ampla defesa, requerendo a extinção do processo ou a rejeição da denúncia.

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de _____________.

Processo nº: ____________
Acusado: Sr. A. J. dos S.
Autor: Ministério Público

Sr. A. J. dos S., já qualificado nos autos em epígrafe, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no CPP, art. 396-A, apresentar sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

O acusado foi denunciado pelo Ministério Público como incurso no art. 147-A do Código Penal, sob a alegação de que teria praticado o crime de perseguição (stalking) no ano de 2020. Contudo, à época dos fatos, a conduta descrita na denúncia era tipificada como contravenção penal, sendo regida por ação penal pública incondicionada.

A denúncia foi oferecida com base na Lei 14.132/2021, que entrou em vigor em 1º de abril de 2021, tipificando o crime de perseguição no art. 147-A do Código Penal. No entanto, a retroatividade da lei penal mais gravosa é vedada pelo princípio da irretroatividade da lei penal, conforme disposto na CF/88, art. 5º, XL, e no CP, art. 2º.

Ademais, a denúncia apresentada é inepta, pois não descreve de forma clara e precisa os elementos necessários para a configuração do crime, violando o CPP, art. 41.

DO DIREITO

1. DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS GRAVOSA

O princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa está consagrado na CF/88, art. 5º, XL, e no CP, art. 2º, que determinam que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. À época dos fatos narrados na denúncia, a conduta atribuída ao acusado era tipificada como contravenção penal, regida por ação penal pública incondicionada.

A Lei 14.132/2021, que criou o crime de perseguição (stalking), entrou em vigor apenas em 1º de abril de 2021, sendo, portanto, inaplicável aos fatos ocorridos em 2020. Aplicar a nova lei ao caso em tela configuraria flagrante violação ao princípio da legalidade e da irretroatividade da lei penal mais gravosa.

2. DA INEPTIDÃO DA DENÚNCIA

A denúncia apresentada pelo Ministério Público é inepta, pois não atende aos requisitos do CPP, art. 41, que exige a descrição clara e precisa dos fatos criminosos imputados ao acusado, com todas as suas circunstâncias. A aus�"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de processo penal em que o réu, Sr. A. J. dos S., foi denunciado pelo Ministério Público como incurso no art. 147-A do Código Penal, pelo suposto cometimento do crime de perseguição (stalking) no ano de 2020.

A defesa apresentou resposta à acusação argumentando, em síntese, que: (i) a denúncia fundamenta-se em uma lei penal mais gravosa posterior aos fatos, o que violaria o princípio da irretroatividade da lei penal (CF/88, art. 5º, XL); e (ii) a denúncia é inepta, não descrevendo com clareza e precisão os elementos necessários à configuração do crime, conforme exigido pelo Código de Processo Penal, art. 41.

Voto

Após analisar os autos, os fatos narrados e os fundamentos legais aplicáveis, passo a fundamentar meu voto com base no princípio constitucional da motivação das decisões judiciais, conforme disposto na Constituição Federal de 1988, art. 93, IX.

1. Da irretroatividade da lei penal mais gravosa

O princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa é uma garantia fundamental consagrada pela Constituição Federal de 1988, art. 5º, XL, bem como pelo Código Penal, art. 2º. Este princípio impede a aplicação de uma lei penal posterior que seja mais severa, salvo para beneficiar o réu.

No caso em tela, os fatos narrados ocorreram no ano de 2020, enquanto a Lei 14.132/2021, que tipificou o crime de perseguição no art. 147-A do Código Penal, entrou em vigor apenas em 1º de abril de 2021, ou seja, após a ocorrência dos fatos. Assim, a aplicação desta lei ao caso configuraria flagrante violação ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa.

Portanto, concluo que o fundamento da denúncia carece de validade jurídica, uma vez que não se pode aplicar retroativamente a Lei 14.132/2021 ao caso concreto.

2. Da ineptidão da denúncia

A denúncia apresentada pelo Ministério Público não atende aos requisitos do Código de Processo Penal, art. 41, que exige a descrição clara e precisa dos elementos configuradores do crime imputado ao acusado. A ausência de detalhamento objetivo acerca da reiteração de atos persecutórios e do dolo específico compromete o exercício do contraditório e da ampla defesa, garantidos pela Constituição Federal, art. 5º, LV.

A deficiência da denúncia inviabiliza a compreensão exata dos fatos imputados, o que compromete a legitimidade do processo penal. A jurisprudência pátria reforça a necessidade de observância dos requisitos legais para a validade da peça acusatória, como se observa na Apelação Criminal Acórdão/TJSP, julgada pelo TJSP.

Deste modo, reconheço a ineptidão da denúncia com fundamento no CPP, art. 395, I.

3. Conclusão

Em conformidade com os princípios constitucionais e processuais penais aplicáveis, entendo que a denúncia deve ser rejeitada por dois fundamentos principais: a inaplicabilidade da Lei 14.132/2021 ao caso, em razão de sua irretroatividade, e a ineptidão da peça acusatória, que não atende aos requisitos legais.

Dispositivo

Diante do exposto, com fundamento na Constituição Federal de 1988, art. 5º, XL, e nos arts. 2º e 395, I e III, do Código de Processo Penal, voto pela rejeição da denúncia apresentada contra o acusado Sr. A. J. dos S., determinando a extinção do processo.

É como voto.

Termos Finais

Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se.

Local e data.

____________________________
Nome do Magistrado
Juiz de Direito


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