Modelo de Defesa Prévia em Procedimento de Apuração de Ato Infracional Análogo ao Crime de Estupro com Base no Estatuto da Criança e do Adolescente

Publicado em: 10/03/2025 Advogado Menor Menor Direito Penal Processo Penal
Defesa prévia apresentada em procedimento para apuração de ato infracional análogo ao crime de estupro (art. 213 do Código Penal) imputado a adolescente, com fundamento no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 111). O documento aborda a ausência de provas robustas para comprovação do dolo, assevera o respeito aos princípios constitucionais de ampla defesa e contraditório, e requer medidas socioeducativas proporcionais, conforme o art. 112 do ECA. Contém fundamentação jurídica, citações de jurisprudências relevantes e pedidos específicos, como a realização de audiência de instrução e julgamento.

DEFESA PRÉVIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE [LOCALIDADE]

Processo nº: [inserir número do processo]

Representado: C. [inserir nome completo do representado]
Representante Legal: [inserir nome completo do responsável legal]
Advogado: [inserir nome completo do advogado], inscrito na OAB sob nº [inserir número da OAB], com endereço profissional na [inserir endereço completo], endereço eletrônico [inserir e-mail].

PREÂMBULO

O representado, por intermédio de seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar sua DEFESA PRÉVIA nos autos do procedimento para apuração de ato infracional análogo ao crime previsto no art. 213 do Código Penal, com fundamento no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), art. 111, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

Conforme consta na representação, o Ministério Público imputa ao adolescente C. a prática de ato infracional análogo ao crime de estupro, previsto no art. 213 do Código Penal. Segundo a acusação, no dia 10 de julho de 2024, durante uma confraternização em uma casa de eventos local, o representado teria constrangido a vítima, R., a manter contato íntimo sem seu consentimento, supostamente levando-a a um cômodo isolado contra a vontade dela.

O representado, entretanto, nega a ausência de consentimento e sustenta que houve proximidade voluntária entre ambos. Alega que, em momento algum, a vítima manifestou discordância em prosseguir com as carícias, e que, ao notar qualquer sinal de hesitação, imediatamente buscou interromper o ato. Assim, afirma que não praticou qualquer conduta violenta ou intimidatória, não havendo tipicidade na acusação que lhe é dirigida.

DO DIREITO

Inicialmente, é importante destacar que o procedimento para apuração de ato infracional deve observar os princípios constitucionais e legais aplicáveis, especialmente os previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que asseguram ao adolescente o direito ao contraditório e à ampla defesa (ECA, art. 110).

No presente caso, a versão apresentada pelo representado demonstra a inexistência de dolo, considerando que, de acordo com seu relato, a interação ocorreu de maneira supostamente consentida até o surgimento de qualquer desconforto, o que foi suficiente para fazê-lo interromper o ato. Dessa forma, resta questionável a imputação de ato infracional análogo ao crime de estupro, que exige ausência de consentimento ou constrangimento à vítima.

Ademais, conforme dispõe o art. 112, §1º, do ECA, a aplicação de medidas socioeducativas deve levar em conta a capacidade do adolescente de cumpri-las, as circunstâncias do caso e a gravidade do ato infracional. Neste contexto, a insuficiência de provas robustas acerca da prática do ato infracional tal como narrado inviabiliza a aplicação de medidas mais gravosas"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório
Trata-se de procedimento para apuração de ato infracional análogo ao crime de estupro, previsto no art. 213 do Código Penal, imputado ao adolescente C., conforme representação do Ministério Público. Segundo os autos, o fato teria ocorrido no dia 10 de julho de 2024, em uma confraternização realizada em uma casa de eventos local, quando o representado teria constrangido a vítima, R., a manter contato íntimo contra a vontade dela.

A defesa, por outro lado, alega que o ocorrido se deu de forma consensual e que, ao primeiro sinal de desconforto por parte da vítima, o representado teria interrompido imediatamente o ato.


Fundamentação

I – Dos Fatos

Segundo a instrução do feito, a narrativa da defesa diverge consideravelmente do teor da representação. A defesa sustenta que havia consentimento até a manifestação de qualquer desconforto, momento em que o ato foi paralisado imediatamente.

A apreciação do contexto fático deve respeitar o princípio do contraditório e da ampla defesa, assegurados pelo art. 110 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e levar em conta todos os elementos probatórios colhidos nos autos.

II – Do Direito

A Constituição Federal, em seu art. 93, IX, exige a devida fundamentação de todas as decisões judiciais. Neste caso específico, a insuficiência de provas que demonstrem, de forma cabal, a configuração do ato infracional análogo ao crime de estupro obstaculiza a atribuição de responsabilidade ao adolescente C.

O art. 112, §1º, do ECA estabelece que a escolha de medidas socioeducativas deve considerar a capacidade do adolescente de cumpri-las, as peculiaridades do caso concreto e a gravidade do ato infracional. Em meio à falta de elementos probatórios robustos, impõe-se a adoção de providências menos gravosas, em observância ao princípio da proteção integral do adolescente.

A jurisprudência dos Tribunais Superiores e Estaduais também enfatiza a necessidade de proporcionalidade na aplicação das medidas socioeducativas, visando preservar os direitos fundamentais dos jovens em conflito com a lei.

III – Das Jurisprudências

  1. STJ (6ª T.) - Habeas Corpus
    Processo nº: 895.315 - RJ
    Ementa: A medida socioeducativa deve considerar a capacidade do adolescente de cumpri-la, as circunstâncias do caso e a gravidade do ato infracional.
    (Rel.: Min. Sebastião Reis Júnior - J. em 14/05/2024)

  2. TJSP (Câmara Especial) - Apelação Cível / Crimes contra a Dignidade Sexual
    Processo nº: Acórdão/TJSP
    Ementa: A aplicação de medidas socioeducativas deve atender às circunstâncias do caso e à personalidade do adolescente.
    (Rel.: Desª. Ana Luiza Villa Nova - J. em 03/03/2023)


Dispositivo
Diante do exposto, em atenção ao art. 93, IX, da Constituição Federal, julgo o pedido improcedente, reconhecendo a ausência de elementos probatórios suficientes para a configuração do ato infracional análogo ao crime de estupro.

Determino, ainda, que seja aplicada medida socioeducativa de acompanhamento e orientação, nos termos do art. 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente, visando assegurar a proteção integral e o desenvolvimento adequado do representado.

É como voto.


Conclusão
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

[Localidade], [data].


Magistrado: [Nome do Magistrado]


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