Modelo de Impugnação à Regularização Fundiária Urbana: Contestação de Proprietário Tabular por Ausência de Requisitos Legais, Oposição à Ocupação e Nulidades no Procedimento Administrativo conforme Lei 13.465/2017

Publicado em: 08/11/2024 CivelConstitucional Direito Imobiliário
Modelo de impugnação à regularização fundiária urbana (REURB) apresentada por proprietário tabular de imóvel contra pedido de regularização proposto por ocupante e Município. O documento detalha a ausência dos requisitos legais para a regularização, aponta vícios formais e materiais no procedimento administrativo, ressalta a oposição do proprietário à ocupação e fundamenta-se na Lei 13.465/2017, Lei 6.015/1973 e Constituição Federal. Inclui preliminares sobre inépcia do pedido, ausência de notificação válida, defesa do direito de propriedade, necessidade de observância do devido processo legal e impossibilidade de reconhecimento de prescrição aquisitiva. Apresenta jurisprudências relevantes e requer nulidade do procedimento, intimação das partes e produção de provas. Indicado para casos de defesa do direito de propriedade frente a REURB em que não há consolidação da posse ou anuência do proprietário.

IMPUGNAÇÃO À REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA URBANA

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara de Registros Públicos da Comarca de [CIDADE/UF].

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Impugnante: A. J. dos S., brasileiro, casado, empresário, portador do CPF nº 000.000.000-00, RG nº 0.000.000-0, residente e domiciliado à Rua das Palmeiras, nº 100, Bairro Centro, CEP 00000-000, [CIDADE/UF], endereço eletrônico: [email protected].

Impugnado: M. F. de S. L., brasileira, solteira, autônoma, portadora do CPF nº 111.111.111-11, RG nº 1.111.111-1, residente e domiciliada à Rua das Flores, nº 200, Bairro Jardim, CEP 11111-111, [CIDADE/UF], endereço eletrônico: [email protected].

Município de [CIDADE], pessoa jurídica de direito público interno, inscrito no CNPJ sob o nº 22.222.222/0001-22, com sede à Praça Central, nº 1, Centro, CEP 22222-222, [CIDADE/UF], endereço eletrônico: [email protected].

3. SÍNTESE DOS FATOS

O Impugnante é proprietário tabular do imóvel matriculado sob nº 12345 no Cartório de Registro de Imóveis de [CIDADE/UF], situado à Rua das Palmeiras, nº 100, Bairro Centro, conforme consta da matrícula anexa. Ocorre que, em 2024, o Município de [CIDADE] instaurou procedimento administrativo de Regularização Fundiária Urbana (REURB) sobre a área em que se encontra o referido imóvel, visando conferir titularidade definitiva aos atuais ocupantes, entre eles a Impugnada, que ocupa parte do imóvel há cerca de 10 anos.

O Impugnante foi notificado do procedimento de regularização fundiária, nos termos da Lei 13.465/2017, art. 31, § 1º, e apresenta a presente impugnação, por entender que não estão presentes os requisitos legais para a consolidação da posse e transferência da propriedade, além de vícios formais e materiais no procedimento administrativo instaurado.

Ressalta-se que o Impugnante jamais anuiu com a ocupação, tampouco houve qualquer negociação válida ou regularização prévia da situação possessória, sendo a ocupação considerada irregular e sem respaldo jurídico.

4. PRELIMINARES

4.1. DA INÉPCIA DO PEDIDO DE REGULARIZAÇÃO

O pedido de regularização fundiária apresentado pela Impugnada carece de elementos essenciais, como a comprovação da consolidação da posse mansa, pacífica e ininterrupta pelo prazo legal exigido, em afronta ao disposto na Lei 13.465/2017, art. 9º, inciso II, e Lei 6.015/1973, art. 216-A. A ausência de documentos hábeis e de demonstração da boa-fé objetiva dos ocupantes compromete a higidez do procedimento.

4.2. DA AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO VÁLIDA

O Impugnante não foi regularmente notificado acerca de todos os atos do procedimento administrativo, em violação ao contraditório e à ampla defesa, princípios consagrados na CF/88, art. 5º, incisos LIV e LV, o que acarreta nulidade do processo de regularização fundiária.

5. DO DIREITO

5.1. DA PROPRIEDADE E DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL

O direito de propriedade é garantido pela CF/88, art. 5º, XXII, sendo assegurado ao proprietário o pleno exercício de seus poderes, inclusive o de reaver o bem de quem injustamente o possua. O procedimento de regularização fundiária, embora vise à pacificação social e à promoção do direito à moradia, não pode suprimir direitos fundamentais sem a observância dos requisitos legais e constitucionais.

5.2. DOS REQUISITOS LEGAIS PARA A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

A Lei 13.465/2017 estabelece, em seu art. 9º, os requisitos para a REURB, exigindo a demonstração da consolidação da ocupação, da inexistência de oposição do proprietário e da boa-fé dos ocupantes. No presente caso, não restou comprovada a consolidação da posse, tampouco a inexistência de oposição, pois o Impugnante sempre se opôs à ocupação irregular.

Ademais, o art. 31, § 1º, da Lei 13.465/2017, determina que os titulares de domínio devem ser notificados para, querendo, apresentar impugnação fundamentada, o que ora se faz.

5.3. DA IMPOSSIBILIDADE DE REGULARIZAÇÃO EM CASO DE OCUPAÇÃO IRREGULAR E OPOSIÇÃO DO PROPRIETÁRIO

A regularização fundiária não pode servir de instrumento para legitimar ocupações irregulares ou esbulho possessório, sob pena de afronta ao princípio da legalidade (CF/88, art. 5º, II) e ao direito de propriedade (CF/88, art. 5º, XXII). A ausência de anuência do proprietário e a existência de litígio sobre a posse impedem a consolidação da regularização, conforme entendimento consolidado na doutrina e na jurisprudência.

5.4. DA NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

O procedimento de regularização fundiária deve respeitar o devido processo legal, com a garantia do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LIV e LV), sob pena de nulidade dos atos praticados sem a participação efetiva do proprietário tabular.

5.5. DA INEXISTÊNCIA DE PRESC"'>...


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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
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Voto do Magistrado

I. Relatório

Trata-se de impugnação apresentada por A. J. dos S., proprietário tabular do imóvel matriculado sob nº 12345, perante o procedimento administrativo de Regularização Fundiária Urbana (REURB) instaurado pelo Município de [CIDADE], em benefício de M. F. de S. L., que ocupa parte do imóvel há cerca de 10 anos. O impugnante alega ausência dos requisitos legais para a consolidação da posse e transferência da propriedade, vícios no procedimento administrativo, bem como ausência de notificação válida e oposição expressa à ocupação.

Pleiteia, em síntese, a declaração de nulidade do procedimento de regularização fundiária, por ausência de consolidação da posse, oposição do proprietário e inobservância dos princípios do contraditório e da ampla defesa.

II. Fundamentação

II.1. Do Conhecimento da Impugnação

Inicialmente, observo que a impugnação foi apresentada nos termos e prazo previstos na Lei 13.465/2017, art. 31, § 1º, razão pela qual conheço da impugnação oposta pelo proprietário tabular.

II.2. Do Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa

Ressalto que o artigo 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal de 1988, assegura o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa a todos os litigantes, princípios que se estendem ao procedimento administrativo de regularização fundiária. Eventual ausência de notificação do proprietário tabular acerca da totalidade dos atos do procedimento importa nulidade, conforme entendimento consolidado pelos tribunais pátrios.

No caso concreto, restou comprovado que o Impugnante foi notificado para apresentar impugnação fundamentada, conforme determina a legislação de regência, inexistindo, portanto, nulidade por cerceamento de defesa.

II.3. Dos Requisitos Legais para a Regularização Fundiária

A regularização fundiária urbana, nos termos da Lei 13.465/2017, exige a demonstração da consolidação da posse, da inexistência de oposição do proprietário e da boa-fé dos ocupantes (arts. 9º e 31). A simples ocupação do imóvel, desacompanhada do preenchimento dos requisitos legais, não autoriza a transferência da propriedade.

No presente caso, dos autos depreende-se que a ocupação pela Impugnada não foi objeto de anuência do proprietário, havendo expressa oposição desde o início da posse. Ademais, não há nos autos documentos que demonstrem a consolidação da posse mansa, pacífica e ininterrupta pela Impugnada, tampouco comprovação inequívoca de boa-fé.

A ausência desses requisitos inviabiliza o deferimento do pedido de regularização fundiária, sob pena de afronta ao direito fundamental de propriedade, previsto no art. 5º, XXII, da CF/88, e ao princípio da legalidade (art. 5º, II, CF/88).

II.4. Da Jurisprudência e Interpretação Sistêmica

Embora existam precedentes que reconheçam a possibilidade de regularização fundiária diante da posse consolidada e ausência de oposição efetiva do proprietário (TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP; Acórdão/TJSP), verifica-se que, no caso concreto, o Impugnante apresentou oposição formal e reiterada à ocupação, não se tratando de mera alegação infundada, mas de efetiva resistência à consolidação da posse.

Assim, não há como aplicar tais precedentes ao caso em tela, pois não restou comprovada a consolidação da posse ad usucapionem, tampouco inércia do proprietário quanto à defesa de seu direito.

II.5. Da Necessidade de Fundamentação (CF/88, art. 93, IX)

Registro que este voto encontra-se devidamente fundamentado, em estrito cumprimento ao disposto no art. 93, IX, da Constituição Federal, que exige a motivação das decisões judiciais.

III. Dispositivo

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE a impugnação apresentada por A. J. dos S., para indeferir o pedido de regularização fundiária urbana referente ao imóvel matriculado sob nº 12345, por ausência dos requisitos legais e constitucionais, notadamente a inexistência de consolidação da posse e a oposição do proprietário tabular, determinando o arquivamento do procedimento administrativo, sem prejuízo de eventual discussão judicial própria.

Ficam intimadas as partes para ciência e, caso queiram, interposição de recursos cabíveis.

IV. Conclusão

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

[CIDADE/UF], [data].

[Nome do Magistrado]
Juiz(a) de Direito


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