Jurisprudência em Destaque
O Dever Estatal no Fornecimento de Medicamentos Não Incorporados ao SUS
Doc. LEGJUR 250.1070.5220.7294
Tema 6Tema 6/STF: - Dever do Estado de fornecer medicamento de alto custo a portador de doença grave que não possui condições financeiras para comprá-lo.
Descrição: - Descrição: Recurso extraordinário em que se discute, à luz da CF/88, art. 2º; CF/88, art. 5º; CF/88, art. 6º; CF/88, art. 196; e CF/88, art. 198, §§ 1º e 2º, a obrigatoriedade, ou não, de o Estado fornecer medicamento de alto custo a portador de doença grave que não possui condições financeiras para comprá-lo.
Tese jurídica fixada:
- 1. A ausência de inclusão de medicamento nas listas de dispensação do Sistema Único de Saúde - SUS (RENAME, RESME, REMUME, entre outras) impede, como regra geral, o fornecimento do fármaco por decisão judicial, independentemente do custo.
2. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento registrado na ANVISA, mas não incorporado às listas de dispensação do Sistema Único de Saúde, desde que preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos, cujo ônus probatório incumbe ao autor da ação:
(a) negativa de fornecimento do medicamento na via administrativa, nos termos do item «4» do Tema 1234/STF da repercussão geral;
(b) ilegalidade do ato de não incorporação do medicamento pela Conitec, ausência de pedido de incorporação ou da mora na sua apreciação, tendo em vista os prazos e critérios previstos na Lei 8.080/1990, art. 19-Q. Lei 8.080/1990, art. 19-R. Decreto 7.646/2011;
c) impossibilidade de substituição por outro medicamento constante das listas do SUS e dos protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas;
(d) comprovação, à luz da medicina baseada em evidências, da eficácia, acurácia, efetividade e segurança do fármaco, necessariamente respaldadas por evidências científicas de alto nível, ou seja, unicamente ensaios clínicos randomizados e revisão sistemática ou meta-análise;
(e) imprescindibilidade clínica do tratamento, comprovada mediante laudo médico fundamentado, descrevendo inclusive qual o tratamento já realizado; e
(f) incapacidade financeira de arcar com o custeio do medicamento. 3. Sob pena de nulidade da decisão judicial, nos termos do CPC/2015, art. 489, § 1º, V e VI. CPC/2015, art. 927, III, § 1º, ambos do Código de Processo Civil, o Poder Judiciário, ao apreciar pedido de concessão de medicamentos não incorporados, deverá obrigatoriamente:
(a) analisar o ato administrativo comissivo ou omissivo de não incorporação pela Conitec ou da negativa de fornecimento da via administrativa, à luz das circunstâncias do caso concreto e da legislação de regência, especialmente a política pública do SUS, não sendo possível a incursão no mérito do ato administrativo;
(b) aferir a presença dos requisitos de dispensação do medicamento, previstos no item 2, a partir da prévia consulta ao Núcleo de Apoio Técnico do Poder Judiciário (NATJUS), sempre que disponível na respectiva jurisdição, ou a entes ou pessoas com expertise técnica na área, não podendo fundamentar a sua decisão unicamente em prescrição, relatório ou laudo médico juntado aos autos pelo autor da ação; e
(c) no caso de deferimento judicial do fármaco, oficiar aos órgãos competentes para avaliarem a possibilidade de sua incorporação no âmbito do SUS.» ... ()
Comentário/Nota
Consideração sobre o Tema do Voto do Ministro Relator
O voto do Ministro Marco Aurélio, vencido, destacou a importância de assegurar a máxima efetividade dos direitos fundamentais, notadamente o direito à saúde, mesmo frente a limitações orçamentárias. Defendeu que a transgressão ao mínimo existencial configura grave violação à dignidade humana, o que justifica a atuação judicial para compelir o Estado ao fornecimento de medicamentos essenciais. No entanto, prevaleceu a tese do Ministro Luís Roberto Barroso, que reforçou critérios restritivos para a concessão judicial, visando preservar a eficiência das políticas públicas e o respeito à separação dos poderes.
Comentário
Este julgamento consolidou parâmetros essenciais para a análise judicial de pedidos de medicamentos não incorporados ao SUS, especialmente ao enfatizar a observância de requisitos como a comprovação de imprescindibilidade clínica (CF/88, art. 196) e incapacidade financeira (Lei 8.080/1990, arts. 19-Q e 19-R). Embora o direito à saúde seja fundamental, a decisão buscou equilibrar a garantia do mínimo existencial com a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde e o respeito à separação de poderes (CF/88, art. 2º). Ressalte-se que o STF reconheceu a relevância de avaliações técnicas e científicas para a concessão desses medicamentos, reforçando a importância de decisões pautadas em evidências médicas robustas.
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