Jurisprudência em Destaque
Análise Jurídica da Decisão do STJ sobre Prescrição Quinquenal em Cobranças de Tarifas de Água e Esgoto Contra a Fazenda Pública
Doc. LEGJUR 241.0210.7593.5280
1 - Para os casos em que a ação de cobrança é ajuizada em desfavor da Fazenda Pública, seja a dívida tributária ou não tributária, aplica-se a norma específica do Decreto 20.910/1932, que estabelece que o prazo prescricional para a propositura da ação é de 5 anos. ... ()
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Comentário/Nota
ANÁLISE JURÍDICA DA DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
A presente análise concentra-se na decisão proferida pela Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reafirmou a aplicação do prazo prescricional de cinco anos, previsto no Decreto 20.910/1932, às ações de cobrança de tarifas de água e esgoto ajuizadas contra a Fazenda Pública Municipal. O julgado decorre de agravo interno interposto pela SABESP, que defendia a aplicação do prazo decenal, conforme o Código Civil Brasileiro de 2002 (CCB/2002).
FUNDAMENTOS JURÍDICOS E ARGUMENTAÇÃO
A decisão do STJ está alicerçada na interpretação consolidada de que as dívidas envolvendo a Fazenda Pública, ainda que decorrentes de cobrança de tarifas de serviços públicos, estão submetidas ao prazo prescricional quinquenal estabelecido no Decreto 20.910/1932. Esse entendimento privilegia a natureza jurídica da relação obrigacional em questão, que envolve ente público, afastando a aplicação do prazo geral de prescrição de 10 anos previsto no CCB/2002, art. 205.
A Segunda Turma do STJ, ao negar provimento ao agravo interno da SABESP, sustentou a prevalência do regime especial de prescrição para a Fazenda Pública sobre o regramento geral do CCB/2002, em respeito ao princípio da especialidade. O tribunal reafirmou, ainda, que a cobrança de tarifas de serviços públicos essenciais, como água e esgoto, possui caráter de dívida não tributária e, portanto, está sujeita ao prazo quinquenal do Decreto 20.910/1932.
CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS E JURÍDICAS DA DECISÃO
- Segurança Jurídica: A manutenção do entendimento consolidado pelo STJ contribui para a segurança jurídica, ao uniformizar a aplicação do prazo prescricional nas relações jurídicas que envolvem a Fazenda Pública. Essa uniformidade evita a proliferação de interpretações conflitantes, especialmente em demandas repetitivas.
- Impacto para Empresas Concessionárias: A decisão representa uma limitação para concessionárias de serviços públicos, como a SABESP, ao reduzir o prazo para cobrança de dívidas relacionadas à prestação de serviços essenciais. Essa limitação demanda maior eficiência na gestão de créditos e na adoção de medidas judiciais dentro do prazo quinquenal.
- Proteção da Fazenda Pública: A aplicação do prazo prescricional mais curto resguarda a Fazenda Pública contra cobranças excessivamente tardias, em consonância com o interesse público e a eficiência administrativa, conforme previsto na CF/88, art. 37.
CRÍTICAS E ELOGIOS
Embora a decisão esteja alinhada ao entendimento pacífico da jurisprudência, é possível criticar a ausência de uma análise mais aprofundada sobre a natureza das tarifas de água e esgoto, que possuem características híbridas entre obrigações contratuais e débitos de natureza pública. Uma eventual flexibilização desse entendimento poderia beneficiar concessionárias ao aplicar o prazo decenal em situações excepcionais.
Por outro lado, o julgado merece elogios pela coerência argumentativa e pelo respeito ao princípio da especialidade, que privilegia normas específicas em detrimento de normas gerais. O julgamento unânime reforça o compromisso do STJ em consolidar precedentes que promovam uniformidade e previsibilidade no ordenamento jurídico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A decisão da Segunda Turma do STJ é de grande relevância para o ordenamento jurídico, pois reafirma a aplicação do prazo prescricional quinquenal às dívidas que envolvem a Fazenda Pública. Esse entendimento consolida a jurisprudência sobre o tema e tem como reflexo prático a exigência de maior diligência por parte das concessionárias de serviços públicos na gestão de seus créditos.
No futuro, debates sobre a natureza das obrigações que envolvem tarifas públicas podem motivar novas discussões no âmbito do STJ, especialmente em casos que demandem uma análise mais detalhada da relação contratual subjacente. Contudo, até o momento, a decisão analisada fortalece a segurança jurídica e o respeito aos princípios fundamentais do direito público.
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