Modelo de Pedido de Desbloqueio de Bens por Excesso de Penhora em Execução Cível: Fundamentação com Base nos Princípios da Proporcionalidade e Menor Onerosidade ao Devedor

Publicado em: 31/10/2024 CivelConsumidor
Este modelo de petição visa o pedido de desbloqueio de bens em ação de execução cível, fundamentando-se no excesso de penhora constatado, onde a constrição judicial recaiu sobre patrimônio muito superior ao valor do débito exequendo. O documento detalha a situação das partes, demonstra a desproporcionalidade entre o valor da dívida e os bens bloqueados (veículos e imóveis), invocando os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e menor onerosidade ao devedor, previstos no Código de Processo Civil (artigos 805, 835, 874), bem como o direito constitucional à propriedade (art. 5º, XXII, CF/88). Inclui pedidos de desbloqueio parcial dos bens, realização de avaliação judicial, produção de provas e audiência de conciliação, além de suporte jurisprudencial. É indicado para advogados atuando em execuções, especialmente quando há excesso de constrição patrimonial.

PETIÇÃO DE PEDIDO DE DESBLOQUEIO DE BENS POR EXCESSO DE PENHORA

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Cível da Comarca de __ – Tribunal de Justiça do Estado de __.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, casado, empresário, portador do CPF nº 000.000.000-00, RG nº 0.000.000, residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 100, Bairro Centro, CEP 00000-000, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected], por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vem, nos autos da Ação de Execução movida por B. R. de O. L., brasileiro, solteiro, comerciante, portador do CPF nº 111.111.111-11, residente e domiciliado na Avenida Brasil, nº 200, Bairro Jardim, CEP 11111-111, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected], apresentar, com fundamento nos dispositivos legais e constitucionais aplicáveis, o presente PEDIDO DE DESBLOQUEIO DE BENS POR EXCESSO DE PENHORA.

3. SÍNTESE DOS FATOS

O Requerente é parte executada em ação de execução ajuizada pelo Exequente, na qual se discute o valor exato do débito, atualmente em apuração, sendo o valor incontroverso da execução de R$ 115.000,00.

Em sede de cumprimento de sentença, foi determinada a indisponibilidade de bens do Executado, por meio do sistema CNIB, tendo sido bloqueados veículos avaliados em R$ 150.000,00 e imóveis no valor estimado de R$ 5.000.000,00. Ressalte-se que a soma dos bens constritos ultrapassa em muito o valor da execução, configurando-se evidente excesso de penhora.

Ademais, não foram esgotados os meios executivos típicos, tampouco observada a gradação legal prevista no CPC/2015, art. 835, o que agrava ainda mais a situação do Executado, que se vê privado de patrimônio muito superior ao necessário para a satisfação do crédito exequendo.

Diante desse contexto, o Requerente busca o desbloqueio de dois imóveis, suficientes para restabelecer a proporcionalidade e adequação da constrição judicial.

4. DOS FUNDAMENTOS

A execução deve observar o princípio da menor onerosidade ao devedor, previsto no CPC/2015, art. 805, sem olvidar que se processa no interesse do credor (CPC/2015, art. 797). O excesso de penhora, por sua vez, é vedado pelo ordenamento jurídico, devendo o Juízo zelar pela adequação entre o valor do débito e o patrimônio constrito (CPC/2015, art. 874, §1º).

No presente caso, a constrição de veículos avaliados em R$ 150.000,00 e de imóveis no valor de R$ 5.000.000,00 para garantir execução de R$ 115.000,00 revela-se manifestamente desproporcional, afrontando o princípio da razoabilidade e da utilidade da execução. A manutenção da indisponibilidade de bens em valor muito superior ao crédito exequendo configura constrição excessiva e injustificada, violando o direito de propriedade do Executado (CF/88, art. 5º, XXII).

Ademais, a gradação legal dos bens penhoráveis (CPC/2015, art. 835) não foi respeitada, tampouco houve exaurimento dos meios executivos menos gravosos, como a penhora de dinheiro, o que reforça a necessidade de revisão da constrição.

Ressalte-se que o desbloqueio parcial dos bens não comprometerá a efetividade da execução, pois os veículos já bloqueados são suficientes para garantir o juízo, sendo desnecessária a manutenção da indisponibilidade de imóveis de valor muito superior ao débito.

Por fim, a manutenção da constrição em patamar excessivo afronta os princípios da legalidade, proporcionalidade e razoabilidade, devendo ser corrigida por este Juízo.

5. DO DIREITO

O Código de Processo Civil estabelece, em seu art. 805, que a execução deve se realizar pelo modo menos gravoso ao devedor, sem prejuízo do direito do credor. O art. 874, §1º, do CPC/2015, por sua vez, determina que a penhora deve recair sobre bens suficientes à satisfação do crédito, vedando o excesso de constrição.

O direito de propriedade, garantido constitucionalmente (CF/88, art. 5º, XXII), não pode ser restringido além do necessário para a satisfação do crédito exequendo. A constrição excessiva, além de ilegal, configura abuso de direito e afronta aos princípios da dignidade da pessoa humana e da razoabilidade.

Ademais, o art. 835 do CPC/2015 estabelece a ordem de preferência dos bens a serem penhorados, devendo o Juízo observar tal gradação e evitar constrição desnecessária de "'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
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VOTO

Trata-se de pedido formulado por A. J. dos S. nos autos da Ação de Execução movida por B. R. de O. L., visando o desbloqueio de dois imóveis constritos sob alegação de excesso de penhora, mantendo-se a constrição apenas sobre veículos já bloqueados, suficientes à garantia do juízo.

I – RELATÓRIO

O executado teve veículos avaliados em R$ 150.000,00 e imóveis estimados em R$ 5.000.000,00 bloqueados para garantir execução cujo valor totaliza R$ 115.000,00. Afirma que tal constrição configura excesso de penhora, em afronta aos princípios da razoabilidade, utilidade da execução e à ordem legal prevista no art. 835 do CPC/2015. Requer o desbloqueio parcial dos bens, de modo a restabelecer a proporcionalidade e a adequação da medida.

II – FUNDAMENTAÇÃO

Inicialmente, registro que, nos termos do art. 93, IX da Constituição Federal, todas as decisões do Poder Judiciário devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade. Assim, passo à análise do pedido.

a) Dos Princípios Constitucionais e Legais Aplicáveis

A execução deve se processar no interesse do credor (CPC/2015, art. 797), porém, deve ser realizada pelo meio menos gravoso ao devedor (CPC/2015, art. 805), sem prejuízo da satisfação do crédito. O direito de propriedade é protegido pela Constituição Federal (CF/88, art. 5º, XXII), de modo que sua restrição deve ocorrer nos limites do necessário à efetivação do direito do credor.

O art. 874, §1º do CPC/2015 veda o excesso de penhora, determinando que a constrição recairá sobre bens suficientes à satisfação do crédito. A ordem legal de penhora, prevista no art. 835 do CPC, orienta que sejam penhorados, preferencialmente, bens de liquidez para garantir a efetividade e eficiência da execução.

No caso concreto, a soma dos bens constritos (veículos e imóveis) ultrapassa em muito o valor do débito exequendo. A constrição de imóveis de elevado valor se mostra manifestamente desproporcional e excessiva, privando o executado de patrimônio superior ao necessário para garantir o juízo.

b) Jurisprudência e Precedentes

O Superior Tribunal de Justiça já assentou que "a penhora deve ser limitada ao valor do débito, não se justificando a constrição de bens em valor superior ao necessário para a satisfação do crédito" (STJ-1ª Turma, REsp. Acórdão/STJ, rel. Min. Luiz Fux, j. 05/08/2010, DJe de 19/8/2010).

Este entendimento também é corroborado pelo Tribunal de Justiça deste Estado, que reconhece a possibilidade de desbloqueio de bens quando configurado excesso de penhora, especialmente quando a constrição extrapola o necessário à garantia do juízo.

c) Da Ordem de Penhora e Menor Onerosidade

O art. 805 do CPC/2015 consagra o princípio da menor onerosidade ao devedor. Assim, deve o juízo zelar para que a execução não se converta em instrumento de injusta restrição patrimonial, especialmente quando a penhora pode recair sobre bens de menor valor e suficiente liquidez.

No caso, a manutenção da indisponibilidade dos veículos já bloqueados é medida adequada e suficiente para assegurar o juízo, sem necessidade de manter a constrição sobre os imóveis, cujo valor é amplamente superior ao crédito perseguido.

d) Da Observância ao Contraditório e à Ampla Defesa

Ressalto que a decisão não prejudica o contraditório, devendo ser oportunizada manifestação ao exequente, caso ainda não tenha ocorrido, nos moldes do art. 10 do CPC.

III – DISPOSITIVO

Ante o exposto, com fundamento nos arts. 93, IX, da CF/88, 797, 805, 835 e 874, §1º, do CPC/2015, JULGO PROCEDENTE o pedido do executado para determinar o desbloqueio de dois imóveis de sua propriedade, mantendo-se a constrição apenas sobre os veículos já bloqueados, cuja avaliação é suficiente para garantir o juízo.

Caso o exequente entenda necessário, poderá requerer, no prazo de 5 (cinco) dias, a realização de avaliação judicial dos bens constritos, para eventual readequação da constrição.

Intimem-se as partes. Cumpra-se.

IV – FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL

Esta decisão está em consonância com o princípio da motivação das decisões judiciais (CF/88, art. 93, IX), garantindo a tutela jurisdicional adequada, eficiente e proporcional, sem prejuízo do direito de propriedade e do devido processo legal.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.


Cidade/UF, ___ de __________ de 202_.

Juiz(a) de Direito


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