Modelo de Recurso Extraordinário Contra Acórdão que Validou Contrato Bancário com Analfabeto sem Observância de Formalidades Legais

Publicado em: 09/10/2024 CivelConstitucionalConsumidor
Recurso Extraordinário interposto por aposentado analfabeto contra acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo que manteve a validade de contrato bancário firmado sem observância das formalidades legais. O recurso fundamenta-se na violação dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e do devido processo legal, além de apontar cerceamento de defesa pela negativa de perícia grafotécnica. Requer-se a nulidade do contrato ou a anulação do acórdão para realização de prova pericial.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

2. PREÂMBULO

A. J. dos S., brasileiro, analfabeto, aposentado, inscrito no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na Rua X, nº Y, Bairro Z, Município de Penápolis/SP, CEP XXXXX-XXX, por seu advogado que esta subscreve (instrumento de mandato anexo, firmado a rogo, com duas testemunhas, conforme exigência legal), com endereço eletrônico profissional [email protected], vem, com fundamento no art. 102, III, alínea “a”, da CF/88, interpor o presente

RECURSO EXTRAORDINÁRIO

contra o acórdão proferido pela Colenda 38ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, nos autos da Apelação Cível nº 1009716-78.2023.8.26.0438, que manteve a validade de contrato bancário firmado com analfabeto, sem a observância das formalidades legais exigidas pelo ordenamento jurídico, violando preceitos constitucionais fundamentais.

3. TEMPESTIVIDADE E CABIMENTO

O presente recurso é tempestivo, tendo sido interposto dentro do prazo legal de 15 (quinze) dias úteis, conforme dispõe o CPC/2015, art. 1.003, §5º. O acórdão recorrido foi publicado em 24/06/2024, iniciando-se o prazo recursal em 25/06/2024, sendo este recurso protocolado dentro do prazo legal.

O cabimento do Recurso Extraordinário se justifica pela existência de violação direta a preceitos constitucionais, especialmente aos arts. 1º, III (dignidade da pessoa humana), 5º, XXXV (acesso à justiça), LIV (devido processo legal) e LV (contraditório e ampla defesa) da CF/88, tendo em vista a convalidação de contrato firmado com analfabeto sem observância das formalidades legais, o que compromete a higidez do negócio jurídico e o exercício pleno do direito de defesa.

4. DOS FATOS

O Recorrente, pessoa idosa e analfabeta, foi surpreendido com descontos mensais em seu benefício previdenciário, decorrentes de contrato de empréstimo consignado que alega jamais ter firmado. Ao tomar ciência dos descontos, procurou orientação jurídica e ajuizou ação de nulidade contratual, com pedido de repetição de indébito e indenização por danos morais.

Na petição inicial, sustentou que jamais contratou o referido empréstimo, requerendo a realização de perícia grafotécnica e a declaração de nulidade do contrato, por ausência de assinatura válida e por não ter sido observado o procedimento legal para contratação com analfabeto, previsto no CCB/2002, art. 595.

O juízo de primeiro grau julgou improcedente a ação, entendendo que o contrato apresentado pela instituição financeira seria suficiente para comprovar a regularidade da contratação. O Tribunal de Justiça manteve a sentença, mesmo diante da ausência de assinatura a rogo com duas testemunhas e da inexistência de leitura do contrato por tabelião ou pessoa de confiança do Recorrente.

5. DO DIREITO

O acórdão recorrido violou frontalmente diversos dispositivos constitucionais, especialmente os arts. 1º, III; 5º, XXXV, LIV e LV da CF/88. A dignidade da pessoa humana, princípio fundante da República, exige que o ordenamento jurídico proteja os mais vulneráveis, como é o caso do Recorrente, pessoa idosa e analfabeta.

A contratação de empréstimo com pessoa analfabeta exige a observância de formalidades específicas, como a assinatura a rogo com duas testemunhas ou a lavratura por instrumento público, conforme dispõe o CCB/2002, art. 595. A ausência dessas formalidades compromete a validade do contrato, tornando-o nulo de pleno direito.

Além disso, o indeferimento da perícia grafotécnica requerida pelo Recorrent"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Trata-se de Recurso Extraordinário interposto por A. J. dos S., cidadão brasileiro, analfabeto, idoso e aposentado, contra acórdão proferido pela 38ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que manteve a validade de contrato bancário firmado sem observância das formalidades legais exigidas para contratação com analfabeto.

O recurso preenche os requisitos de admissibilidade previstos no art. 102, III, "a", da Constituição Federal de 1988, e foi interposto dentro do prazo legal, conforme art. 1.003, §5º, do CPC/2015.

Análise Hermenêutica dos Fatos e do Direito

O cerne da controvérsia reside na validade de contrato bancário firmado com pessoa analfabeta, sem a observância dos requisitos legais indispensáveis à sua eficácia. O Recorrente alega não ter firmado o contrato, sendo surpreendido com descontos mensais em seu benefício previdenciário.

O ordenamento jurídico brasileiro, em consonância com os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF/88), do devido processo legal (art. 5º, LIV), do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV), impõe cuidados especiais na formalização de negócios jurídicos com pessoas em condição de vulnerabilidade, como os analfabetos.

O Código Civil, em seu art. 595, prevê expressamente que os contratos firmados por analfabetos devem ser subscritos a rogo, com a presença de duas testemunhas, ou mediante instrumento público. No caso em tela, tais formalidades não foram observadas, o que compromete a validade do contrato.

A negativa de produção de perícia grafotécnica, requerida pelo Recorrente para impugnar a autenticidade da assinatura constante no contrato, configura cerceamento de defesa, em violação ao art. 5º, LV, da Constituição Federal e ao art. 429, II, do CPC/2015. A jurisprudência do STJ, consolidada no Tema Repetitivo 1061, sustenta que essa negativa impõe a anulação da sentença.

A exigência de declaração de próprio punho ou reconhecimento de firma como condição para o prosseguimento da ação representa formalismo excessivo, sem amparo legal, contrariando os princípios da primazia do julgamento do mérito e da razoabilidade, nos termos dos arts. 4º, 5º e 6º do CPC/2015.

Do Mérito

Diante da ausência de comprovação válida da contratação, da violação aos princípios constitucionais acima citados e da caracterização de cerceamento de defesa, entendo que o acórdão recorrido deve ser reformado.

A proteção da pessoa em situação de hipossuficiência, especialmente o analfabeto idoso, exige do Poder Judiciário uma atuação pautada na efetividade dos direitos fundamentais e na observância das garantias processuais.

Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, que exige que todas as decisões judiciais sejam fundamentadas, CONHEÇO do Recurso Extraordinário e DOU-LHE PROVIMENTO para:

  1. Reconhecer a nulidade do contrato firmado com o Recorrente, por ausência das formalidades legais exigidas para contratação com analfabeto;
  2. Declarar a inexistência da dívida e determinar a restituição dos valores indevidamente descontados, na forma simples ou em dobro, conforme se apure em fase de liquidação;
  3. Determinar o retorno dos autos à origem para reabertura da instrução, caso subsista dúvida sobre a autenticidade do contrato, com a realização de perícia grafotécnica;
  4. Conceder os benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 98 do CPC/2015, diante da hipossuficiência do Recorrente.

É como voto.

Local, Data e Assinatura

São Paulo/SP, 15 de julho de 2024.

___________________________________________
Desembargador Relator


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