Modelo de Embargos de Declaração em Sentença Penal: Correção de Omissão, Contradição e Obscuridade em Dosimetria de Pena de Roubo Majorado com Simulacro, Reincidência Indevida e Menoridade Penal

Publicado em: 16/04/2025 Direito Penal Processo Penal
Modelo de Embargos de Declaração dirigido à Vara Criminal, visando sanar omissões, contradições e obscuridades em sentença que condenou réu por roubo majorado com aplicação indevida de majorante por uso de simulacro de arma de fogo, reconhecimento equivocado de reincidência sem condenação anterior e não aplicação da atenuante de menoridade penal relativa. O documento destaca fundamentos legais e jurisprudenciais para a correção da dosimetria da pena, requerendo manifestação expressa sobre os pontos controvertidos, eventual efeito modificativo, e intimação do Ministério Público.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (PENAL)

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de [CIDADE/UF]

Processo nº: [número do processo]

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Embargante: P. XXX, brasileiro, solteiro, profissão [informar], portador do CPF nº [informar], RG nº [informar], residente e domiciliado à [endereço completo], endereço eletrônico: [e-mail do embargante].
Advogado: M. F. de S. L., inscrito na OAB/[UF] sob o nº [informar], com escritório profissional à [endereço completo], endereço eletrônico: [e-mail do advogado].
Embargado: Ministério Público do Estado de [UF], com sede à [endereço completo], endereço eletrônico: [e-mail institucional].

3. SÍNTESE DOS FATOS

O Embargante, P. XXX, foi condenado pela prática do crime de Roubo Majorado, nos termos do CP, art. 157, § 2º-A, sob a alegação de emprego de arma de fogo. Durante a instrução processual, restou comprovado, conforme laudo do IC/PCMG (fls. XX), que a suposta arma utilizada era, na verdade, um simulacro (arma de brinquedo), circunstância que foi devidamente documentada nos autos.

Não obstante, a sentença reconheceu a majorante do emprego de arma de fogo, majorando a pena em 2/3. Ademais, o juízo sentenciante considerou o Embargante reincidente, agravando a pena-base em 1/6, embora a Folha de Antecedentes Criminais (FAC – fls. XX) demonstre tratar-se do primeiro processo a que responde, inexistindo qualquer outro indiciamento ou condenação anterior.

Ainda, no momento da dosimetria, o juízo deixou de aplicar a atenuante relativa à menoridade penal relativa, pois o Embargante contava com apenas 19 anos à época do fato. A pena-base foi fixada em 8 anos de reclusão, com aumento de 2 anos para cada circunstância negativa, resultando em pena provisória de 10 anos e 8 meses (aplicando 1/3 de aumento pela suposta reincidência) e, por fim, pena definitiva de 17 anos e 5 meses, em razão da majorante.

A sentença foi publicada em 28 de março de 2025 (sexta-feira).

4. DOS PONTOS OMISSOS, CONTRADITÓRIOS OU OBSCUROS NA SENTENÇA

A r. sentença apresenta vícios de omissão, contradição e obscuridade, nos seguintes pontos:

  • Omissão quanto à natureza do simulacro: O juízo deixou de se manifestar sobre a prova inequívoca de que a arma utilizada era um simulacro, não sendo possível a aplicação da majorante do CP, art. 157, § 2º-A, conforme entendimento consolidado.
  • Contradição na consideração da reincidência: A sentença agravou a pena-base em razão de suposta reincidência, embora a FAC demonstre tratar-se do primeiro processo do Embargante, inexistindo qualquer condenação anterior, em afronta ao princípio da legalidade (CF/88, art. 5º, II).
  • Omissão na análise da atenuante da menoridade penal relativa: O juízo não apreciou a atenuante prevista no CP, art. 65, I, pois o Embargante possuía 19 anos à época do fato, o que deveria ser considerado na dosimetria da pena.
  • Obscuridade na fixação da pena-base: Não restou claro o critério utilizado para o aumento da pena-base em 100% (de 4 para 8 anos), sendo apontados maus antecedentes inexistentes e circunstâncias do delito sem fundamentação individualizada, em afronta ao CPP, art. 381, III, e CF/88, art. 93, IX.

Tais vícios comprometem a validade da sentença, exigindo pronunciamento integrativo e/ou modificativo.

5. DO DIREITO

Os embargos de declaração são cabíveis para sanar omissão, contradição, obscuridade ou erro material, conforme preceitua o CPP, art. 619: “Aos acórdãos proferidos pelas Câmaras ou Turmas dos Tribunais, caberão embargos de declaração, no prazo de dois dias, quando houver na sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão.”

Sobre a majorante do emprego de arma de fogo: O CP, art. 157, § 2º-A, exige, para a incidência da majorante, que a arma seja de fogo real, não bastando o uso de simulacro. A jurisprudência pátria é pacífica no sentido de que o simulacro não autoriza o aumento da pena, pois não representa risco real à integridade física da vítima, sendo inaplicável a majorante.

Sobre a reincidência: A reincidência pressupõe condenação anterior tran"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

VOTO

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos por P. XXX contra sentença proferida nos autos do processo nº [número do processo], em trâmite perante a Vara Criminal da Comarca de [CIDADE/UF], que o condenou pela prática do crime de Roubo Majorado (CP, art. 157, §2º-A), reconhecendo o emprego de arma de fogo, agravando a pena por suposta reincidência e deixando de aplicar a atenuante da menoridade penal relativa.

I - Admissibilidade

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço dos embargos de declaração, tendo em vista que foram opostos tempestivamente, nos termos do CPP, art. 619, e apontam omissão, contradição e obscuridade na sentença embargada.

II - Dos Pontos Omissos, Contraditórios e Obscuros

Analisando detidamente os autos, verifico que a sentença embargada apresenta vícios que comprometem sua clareza e regularidade, especialmente no tocante aos seguintes aspectos:

  • 1. Majorante do emprego de arma de fogo: Restou comprovado, por laudo pericial, que a arma utilizada pelo Embargante era, na verdade, um simulacro (arma de brinquedo), não sendo possível a aplicação da majorante prevista no CP, art. 157, § 2º-A. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que o simulacro não autoriza a incidência da majorante, devendo eventual aumento de pena fundar-se em risco real à integridade da vítima, o que não se verifica na hipótese.
  • 2. Consideração da reincidência: A sentença agravou a pena-base sob o fundamento de reincidência. Entretanto, a Folha de Antecedentes Criminais demonstra que o Embargante não possui condenação anterior transitada em julgado, inviabilizando a aplicação da agravante prevista no CP, art. 63. A consideração da reincidência, sem respaldo fático, afronta o princípio da legalidade, insculpido na CF/88, art. 5º, II.
  • 3. Atenuante da menoridade penal relativa: O Embargante tinha 19 anos à época dos fatos, fazendo jus à atenuante prevista no CP, art. 65, I, a ser obrigatoriamente considerada na dosimetria da pena.
  • 4. Fundamentação da pena-base: A elevação da pena-base de 4 para 8 anos carece de fundamentação individualizada e idônea, em desacordo com o CPP, art. 381, III, e com a CF/88, art. 93, IX, que exige motivação adequada para as decisões judiciais.

III - Da Fundamentação Constitucional e Legal

Nos termos da CF/88, art. 93, IX, \"todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade\". A ausência de fundamentação adequada, a omissão e a contradição na sentença violam o devido processo legal e o direito à ampla defesa.

O CPP, art. 619 autoriza o manejo dos embargos de declaração para sanar omissão, obscuridade ou contradição na decisão judicial, sendo essa a hipótese dos autos.

Além disso, quanto à dosimetria da pena, a jurisprudência consolidada do STJ e do STF exige a individualização das circunstâncias judiciais e a motivação clara para qualquer aumento de pena, sob pena de nulidade do ato.

IV - Do Mérito

Diante das omissões, contradições e obscuridades apontadas, assiste razão ao Embargante. A sentença embargada deve ser integrada e parcialmente modificada, afastando-se a majorante do emprego de arma de fogo, a agravante da reincidência e reconhecendo-se a atenuante da menoridade penal relativa. Ademais, a pena-base deve ser fixada de forma fundamentada e proporcional, observando-se os critérios objetivos do CP, art. 59.

Assim, determino a retificação da dosimetria da pena do Embargante, excluindo a majorante do CP, art. 157, § 2º-A, afastando a agravante da reincidência e reconhecendo a atenuante prevista no CP, art. 65, I, com nova fixação da pena-base de acordo com as circunstâncias do caso, devidamente fundamentada.

V - Dispositivo

Ante o exposto, nos termos da CF/88, art. 93, IX e do CPP, art. 619conheço e DOU PARCIAL PROVIMENTO aos embargos de declaração para:

  • Afastar a aplicação da majorante do emprego de arma de fogo, por se tratar de simulacro;
  • Afastar a agravante da reincidência, diante da inexistência de condenação anterior;
  • Reconhecer e aplicar a atenuante da menoridade penal relativa (CP, art. 65, I);
  • Determinar que a pena-base seja fixada conforme os parâmetros legais e com fundamentação individualizada, afastando aumentos desproporcionais e sem respaldo fático.

Determino, ainda, a intimação do Ministério Público para manifestação, e a juntada desta decisão aos autos, para que produza seus efeitos legais.

É como voto.

 

[Cidade], [data].

___________________________________
Juiz de Direito


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