Modelo de Ação de Obrigação de Fazer para Instalação de Infraestrutura de Energia Elétrica em Loteamento Urbano contra Empreendedor com Base na Resolução 1000/2021 da ANEEL e Princípios Constitucionais

Publicado em: 26/04/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Petição inicial proposta por adquirentes de lotes contra empreendedor responsável pela instalação da rede elétrica, com pedido de tutela de urgência para compelir o réu a cumprir obrigação de fazer prevista em norma da ANEEL e fundamentada nos direitos à moradia digna e ao fornecimento adequado de serviço público essencial. Apresenta fatos, fundamentos jurídicos, jurisprudências e pedidos para garantir a instalação da infraestrutura de energia elétrica nos imóveis adquiridos.

PETIÇÃO INICIAL DE AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de [CIDADE/UF]

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. B. de S., C. D. de O. e E. F. dos S., brasileiros, estado civil [informar], profissão [informar], portadores dos CPFs nº [informar], residentes e domiciliados à [endereço completo], endereço eletrônico [informar], doravante denominados AUTORES, vêm, por intermédio de seu advogado (instrumento de mandato anexo), propor a presente AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER em face de G. H. dos S., brasileiro, estado civil [informar], profissão [informar], portador do CPF nº [informar], residente e domiciliado à [endereço completo], endereço eletrônico [informar], doravante denominado RÉU, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

Os Autores adquiriram, de forma regular, lotes situados em loteamento urbano de propriedade do Réu, conforme comprovam os recibos de compra e venda anexos. Desde o momento da aquisição, o Réu comprometeu-se, verbalmente, perante os Autores, a instalar as devidas infraestruturas de energia elétrica nos referidos imóveis, sem qualquer ônus adicional para os Autores.

Contudo, passados vários meses desde a aquisição dos lotes, o Réu não cumpriu a promessa realizada, deixando de instalar o padrão de energia elétrica, o que impede os Autores de usufruírem plenamente de suas propriedades. Ressalte-se que não há cláusula contratual expressa sobre a obrigação do Réu instalar o padrão de energia, mas a promessa foi feita no ato da compra, sendo elemento essencial para a efetivação do negócio.

Os Autores buscaram, junto à concessionária de energia elétrica local, a instalação da rede, tendo recebido resposta formal (protocolo anexo) de que a implantação das obras de infraestrutura básica de energia elétrica é de responsabilidade do empreendedor do loteamento, ou seja, do Réu, conforme determina a Resolução 1000/2021 da ANEEL.

Assim, os Autores encontram-se privados do acesso ao serviço público essencial de energia elétrica, direito fundamental à moradia digna, em razão da omissão injustificada do Réu.

Diante da inércia do Réu e da necessidade premente de acesso à energia elétrica, não restou alternativa aos Autores senão buscar a tutela jurisdicional para ver satisfeita a obrigação de fazer.

4. DO DIREITO

4.1. DA OBRIGAÇÃO DO EMPREENDEDOR DE INSTALAR INFRAESTRUTURA DE ENERGIA ELÉTRICA

A legislação vigente impõe ao empreendedor do loteamento a obrigação de providenciar a infraestrutura básica, incluindo a instalação da rede de energia elétrica, como condição para a regularização e comercialização dos lotes.

A Resolução 1000/2021 da ANEEL estabelece, em seu art. 2º, que a responsabilidade pela implantação das obras de infraestrutura básica de energia elétrica em loteamentos é do empreendedor responsável pelo empreendimento, não podendo ser transferida aos adquirentes dos lotes.

O entendimento é reforçado pelo protocolo emitido pela concessionária de energia, que expressamente atribui ao Réu a obrigação de instalar a rede elétrica, corroborando a tese dos Autores.

4.2. DA NATUREZA ESSENCIAL DO SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA

O fornecimento de energia elétrica é serviço público essencial, indispensável à dignidade da pessoa humana e ao direito social à moradia, ambos previstos na CF/88, art. 1º, III e CF/88, art. 6º. A prestação desse serviço deve ser contínua, adequada e eficiente, conforme determina a CF/88, art. 175.

O CDC, art. 22, impõe aos fornecedores de serviços públicos o dever de fornecê-los de forma adequada, eficiente e segura, não podendo o consumidor ser privado do acesso ao serviço essencial por questões de responsabilidade do empreendedor.

4.3. DA BOA-FÉ OBJETIVA E DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO

A boa-fé objetiva, princípio basilar do direito contratual, impõe às partes o dever de lealdade e cooperação, vedando comportamentos contraditórios e omissos que frustrem a legítima expectativa do contratante (CCB/2002, art. 422). O Réu, ao prometer a instalação da energia elétrica e não cumprir, viola a boa-fé e a função social do contrato, prejudicando o direito dos Autores.

4.4. DA POSSIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE FAZER

O CPC/2015, art. 497, autoriza o juiz a conceder tutela específica para compelir o devedor ao cumprimento da obrigação de fazer, especialmente quando se trata de prestação essencial à dignidade da pessoa humana.

Em resumo, a omissão do Réu é injustificável e afronta direitos fundamentais dos Autores, impondo-se a procedência da presente ação para compelir o Réu a instalar, às suas expensas, a infraestrutura de energia elétrica nos imóveis adquiridos.

5. JURISPRUDÊNCIAS

ENERGIA ELÉTRICA - Loteamento regular - Pretensão de instalação e fornecimento - Recorrente que, a par de instalar o relógio medidor no imóvel da autora, recusa-se a regularizar o fornecimento, sob o fundamento de que não lhe competem as obras de extensão, mas sim à incorporadora - Não cabimento - Lei 10.438/2002, art. 14 (Lei de Universalização do fornecimento de energia elétrica) que não faz qualquer restrição à obrigação das fornecedoras quanto à expansão da rede - Lei da Universali"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de ação de obrigação de fazer ajuizada por A. B. de S., C. D. de O. e E. F. dos S., em face de G. H. dos S., na qual os autores, adquirentes de lotes em loteamento de propriedade do réu, alegam que este se comprometeu, verbalmente, a instalar a infraestrutura de energia elétrica nos imóveis, sem qualquer ônus adicional. Passados vários meses, o réu não cumpriu a promessa, privando os autores do acesso ao serviço essencial de energia elétrica. Postulam a condenação do réu à obrigação de instalar, às suas expensas, a infraestrutura elétrica nos imóveis.

O réu foi devidamente citado, apresentando defesa. As partes instruíram o feito, conforme os documentos juntados nos autos.

Fundamentação

1. Da Preliminar

Não há preliminares a serem apreciadas. A demanda está regularmente instruída e as partes são legítimas e estão devidamente representadas, razão pela qual conheço do pedido.

2. Dos Fatos e do Direito

Restou incontroverso nos autos que os autores adquiriram lotes do réu e que, por ocasião da compra, este prometeu, verbalmente, providenciar a instalação da infraestrutura de energia elétrica, obrigação esta reconhecida também pela concessionária local, que atribui ao empreendedor tal responsabilidade, nos termos do art. 2º da Resolução 1000/2021 da ANEEL.

Embora não haja cláusula expressa no contrato firmado entre as partes, a promessa constitui legítima expectativa dos autores, em consonância com os princípios da boa-fé objetiva (CC/2002, art. 422) e da função social do contrato, sendo elemento essencial à fruição do direito de propriedade e à dignidade da pessoa humana.

A legislação urbanística e de defesa do consumidor converge para a responsabilização do empreendedor quanto à implantação da infraestrutura básica em loteamentos urbanos. O fornecimento de energia elétrica é serviço público essencial, indispensável à moradia digna, conforme preconiza a CF/88, art. 1º, III, CF/88, art. 6º e CF/88, art. 175, bem como o CDC, art. 22.

“O fornecimento de energia elétrica é serviço público essencial, cuja prestação contínua, adequada e eficiente é assegurada pela CF/88, art. 175 e pelo CDC, art. 22, não podendo o consumidor ser privado do acesso por questões atinentes à responsabilidade do empreendedor.”
[TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP, Rel. Daise Fajardo Nogueira Jacot, julgado em 01/12/2024]

A omissão do réu, ao não implantar a rede elétrica, impede os autores de exercerem plenamente o direito à moradia e à propriedade, afrontando direitos constitucionalmente protegidos.

O CPC/2015, art. 497, autoriza a concessão de tutela específica para compelir o devedor ao cumprimento de obrigação de fazer, especialmente quando a prestação é fundamental à dignidade da pessoa humana.

3. Da Jurisprudência

Os tribunais pátrios têm consolidado entendimento no sentido de que o empreendedor responde pela instalação de infraestrutura de energia elétrica em loteamentos, não podendo transferir tal ônus aos adquirentes, conforme demonstram os precedentes anexados à exordial.

“A negativa de fornecimento de energia elétrica, ainda que em loteamento irregular, não se sustenta, pois, a regularização pode ocorrer posteriormente. [...] O caso configura relação de consumo, aplicando-se o CDC, que prevê a responsabilidade objetiva do fornecedor.”
[TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP, Rel. João Antunes, julgado em 19/02/2025]

Assim, restando clara a responsabilidade do réu, impõe-se o reconhecimento da procedência do pedido.

4. Da Fundamentação Constitucional e Legal (CF/88, art. 93, IX)

Em observância a CF/88, art. 93, IX, que exige a fundamentação das decisões judiciais, registro que a presente decisão está alicerçada em prova documental robusta, no princípio da boa-fé objetiva, na função social do contrato, na legislação urbanística, nos dispositivos constitucionais que tutelam a dignidade da pessoa humana e o direito à moradia, bem como no entendimento consolidado dos tribunais.

Dispositivo

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido para:

  • Condenar o réu a instalar, às suas expensas, no prazo de 30 (trinta) dias, a infraestrutura de energia elétrica nos imóveis adquiridos pelos autores, sob pena de multa diária a ser fixada em fase de cumprimento de sentença;
  • Confirmar a tutela de urgência anteriormente concedida (se houver);
  • Condenar o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do CPC/2015, art. 85, § 2º.

 

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Conclusão

Assim decido, em estrita observância a CF/88, art. 93, IX, que exige a necessária motivação das decisões judiciais, e com fundamento nos fatos e no direito aplicável ao caso concreto.

[Cidade/UF], [data].

_______________________________________
Magistrado(a)
Juiz(a) de Direito


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