Modelo de Pedido de Ação de Repactuação de Dívidas com Base na Lei do Superendividamento para Garantia do Mínimo Existencial e Dignidade do Consumidor
Publicado em: 21/06/2023 ConsumidorEXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE [CIDADE/ESTADO]
[Nome do autor], já qualificado nos autos, vem, por meio de seu advogado, com endereço eletrônico [email do advogado], propor a presente
AÇÃO DE REPACUTAÇÃO DE DÍVIDAS COM BASE NA LEI DO SUPERENDIVIDAMENTO
em face de [Nome do réu], pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº [número], com sede na [endereço completo], pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:
PREÂMBULO
Nos termos do CPC/2015, art. 319, o Autor apresenta a presente petição inicial, requerendo a designação de audiência de conciliação, a fim de repactuar as dívidas oriundas de contratos de empréstimos consignados, que atualmente comprometem o mínimo existencial do requerente, conforme será demonstrado.
DOS FATOS
O Autor, pessoa idosa e aposentada, contraiu diversos empréstimos consignados ao longo dos últimos anos, com o objetivo de suprir necessidades básicas e emergenciais. Contudo, devido à alta taxa de juros e à multiplicidade de contratos, sua renda mensal passou a ser insuficiente para cobrir as despesas essenciais, como alimentação, saúde e moradia.
Atualmente, os descontos realizados diretamente em seu benefício previdenciário ultrapassam o limite de 30% permitido pela legislação, configurando situação de superendividamento, conforme previsto no CDC, art. 54-A, incluído pela Lei 14.181/2021.
O Autor busca, portanto, a repactuação das dívidas, preservando o mínimo existencial e garantindo sua dignidade, nos termos da CF/88, art. 1º, III.
DO DIREITO
A Lei 14.181/2021, conhecida como Lei do Superendividamento, introduziu importantes alterações no Código de Defesa do Consumidor, especialmente no CDC, art. 104-A, que prevê a possibilidade de instauração de processo de repactuação de dívidas, com a realização de audiência conciliatória e apresentação de plano de pagamento pelo consumidor.
O superendividamento é definido como a impossibilidade de o consumidor, pessoa física, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo sem comprometer seu mínimo existencial (CDC, art. 54-A). No caso em tela, o Autor encontra-se em situação de extrema vulnerabilidade, sendo imprescindível a intervenção judicial para garantir seus direitos básicos.
Além disso, o CDC, art. 6º, IV, assegura ao consumidor a proteção contra práticas abusivas e cláusulas contratuais que coloquem em risco sua subsistência. A manutenção dos descontos nos contracheques do Autor, em percentual superior ao permitido, configura prática abusiva, violando os princípios da dignidade da pessoa humana e da função social do contrato.
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