Modelo de Impugnação ao Mandado de Verificação e Nulidade de Compra e Venda de Lotes na Área Esbulhada

Publicado em: 22/08/2024 CivelProcesso Civil Direito Imobiliário
Modelo de petição de impugnação a parte do mandado de verificação, questionando omissões relevantes e requerendo a nulidade de contratos de compra e venda de lotes na área esbulhada, com inclusão da filha da ré no polo passivo. A petição aborda a falta de registro de informações relevantes pelo oficial de justiça e a violação de decisões judiciais anteriores, com base no direito de posse decorrente do princípio da saisine.

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Única da Comarca de Paraty/RJ

Processo nº [número do processo]

L. H. L., já qualificado nos autos do processo supramencionado, na qualidade de inventariante do espólio de H. P. L. e M. R. DOS S., por meio de seu advogado que esta subscreve, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar:

IMPUGNAÇÃO AO MANDADO DE VERIFICAÇÃO E NULIDADE DE COMPRA E VENDA DE LOTES NA ÁREA ESBULHADA

em face de J. C. DE S., pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

1. Dos Fatos

1.1. No mandado de verificação cumprido no local objeto de esbulho, diversas falas e respostas da ré J. C. DE S. não foram adequadamente registradas pelo Oficial de Justiça, comprometendo a fidelidade dos atos processuais e a verdade dos fatos.

1.2. Durante a verificação, a ré alegou residir no local esbulhado, porém, quando questionada, sua filha I. DE S. S. confirmou que a residência é ocupada apenas por ela, seu namorado e seus dois filhos, sem qualquer menção à presença da ré no local. Tal fato não foi devidamente registrado no mandado, o que gera dúvida quanto à veracidade das informações fornecidas pela ré.

1.3. A ré, em contestação anterior, apresentou endereço de moradia diverso do local do esbulho, o que reforça a inconsistência de suas alegações. Ademais, a ré foi reiteradamente intimada a apresentar documentos que comprovem sua posse ou qualquer direito sobre a área, o que até o presente momento não ocorreu.

1.4. Importante destacar que há uma multa já estabelecida nos autos (ID 147/148) por descumprimento de ordem judicial, uma vez que a ré continuou a realizar atos no local esbulhado, como a venda de lotes e a construção de cercas e porteiras, desobedecendo decisão anterior que determinava a abstenção de qualquer ato dessa natureza.

2. Do Direito

2.1. Da Impugnação ao Mandado de Verificação

2.1.1. O CPC/2015, art. 795, garante ao inventariante e herdeiros a proteção contra qualquer ato de esbulho ou turbação na posse dos bens do espólio. O mandado de verificação não registrou fielmente as declarações das partes envolvidas, prejudicando a verdade real e os direitos do espólio.

2.1.2. A ausência de registro das respostas e falas da ré J. C. de S. e de sua filha I. de S. S. fere o CPC/2015, art. 357, que exige que todos os fatos relevantes ao deslinde da causa sejam adequadamente documentados.

2.2. Da Nulidade de Compra e Venda de Lotes

2.2.1. A venda de lotes na área esbulhada, realizada pela ré e por sua filha, sem qualquer autorização ou comprovação "'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Narrativa de Fato e Direito

A presente impugnação visa corrigir as omissões e erros cometidos durante o cumprimento do mandado de verificação, bem como proteger os direitos do espólio e dos herdeiros, garantindo a nulidade de atos ilícitos realizados pela ré e sua filha, que configuram esbulho possessório e violação do princípio da saisine.

Conceitos e Definições

  • Esbulho Possessório: Ato ilícito pelo qual o possuidor é despojado da posse de um bem, de forma violenta, clandestina ou precária.
  • Princípio da Saisine: Regra jurídica que assegura a transmissão automática da posse e da propriedade dos bens do falecido aos herdeiros no momento do óbito.
  • Imissão na Posse: Ato judicial que reintegra o possuidor ao pleno exercício da posse de um bem, após este ter sido esbulhado.

Considerações Finais

A impugnação apresentada busca a retificação dos registros do mandado de verificação, a proteção dos direitos dos herdeiros e a anulação de atos de venda realizados de forma irregular pela ré e sua filha, assegurando que a justiça seja plenamente alcançada no caso em questão.

 

TÍTULO: IMPUGNAÇÃO DE MANDADO DE VERIFICAÇÃO: QUESTIONAMENTO DE OMISSÕES RELEVANTES, NULIDADE DE CONTRATOS DE COMPRA E VENDA E INCLUSÃO DE TERCEIRO NO POLO PASSIVO


Notas Jurídicas

  • As notas jurídicas são criadas como lembrança para o estudioso do direito sobre alguns requisitos processuais, para uso eventual em alguma peça processual, judicial ou administrativa.
  • Assim sendo, nem todas as notas são derivadas especificamente do tema anotado, são genéricas e podem eventualmente ser úteis ao consulente.
  • Vale lembrar que o STJ é o maior e mais importante Tribunal uniformizador. Caso o STF julgue algum tema, o STJ segue este entendimento. Como um Tribunal uniformizador, é importante conhecer a posição do STJ, assim o consulente pode encontrar um precedente específico, não encontrando este precedente, o consulente pode desenvolver uma tese jurídica, o que pode eventualmente obter uma decisão favorável. Jamais pode ser esquecida a norma contida na CF/88, art. 5º, II: "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei".
  • Pense nisso: Obviamente, a lei precisa ser analisada sob o ponto de vista constitucional. Normas infralegais não são leis. Caso um tribunal ou um magistrado não seja capaz de justificar sua decisão com a devida fundamentação, ou seja, em lei ou na Constituição (CF/88, art. 93, X), e da lei em face da Constituição para aferir-se a constitucionalidade da lei, vale lembrar que a Constituição não pode negar-se a si própria. Regra que se aplica à esfera administrativa. Decisão ou ato normativo, sem fundamentação devida, orbita na esfera da inexistência. Essa diretriz aplica-se a toda a administração pública. O próprio regime jurídico dos Servidores Públicos obriga o servidor público a "representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder" (Lei 8.112/1990, art. 116, VI), mas não é só. Reforça o dever do Servidor Público em "cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais" (Lei 8.112/1990, art. 116, IV). A própria CF/88, art. 5º, II, que é cláusula pétrea, reforça o princípio da legalidade, segundo o qual "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei". Isso embasa o entendimento de que o servidor público não pode ser compelido a cumprir ordens que contrariem a Constituição ou a lei. Da mesma forma, o próprio cidadão está autorizado a não cumprir estas ordens partindo de quem quer que seja. Quanto ao servidor que cumpre ordens superiores ou inferiores inconstitucionais ou ilegais, comete a mais grave das faltas, que é uma agressão ao cidadão e à nação brasileira, já que nem o Congresso Nacional tem legitimidade material para negar os valores democráticos e os valores éticos e sociais do povo, ou melhor, dos cidadãos. Ele não deve cumprir ordens manifestamente ilegais. Para uma instituição que rotineiramente desrespeita os compromissos com a constitucionalidade e legalidade de suas decisões, todas as suas decisões atuais e pretéritas, sejam do Judiciário em qualquer nível, ou da administração pública de qualquer nível, ou do Congresso Nacional, orbitam na esfera da inexistência. Nenhum cidadão é obrigado, muito menos um servidor público, a cumprir esta decisão. A Lei 9.784/1999, art. 2º, parágrafo único, VI, implicitamente desobriga o servidor público e o cidadão de cumprir estas ordens ilegais.
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1. Fundamentação Constitucional e Legal da Impugnação

A impugnação ao mandado de verificação deve ser embasada no princípio do devido processo legal, previsto na CF/88, art. 5º, LIV. Além disso, o CPC/2015 assegura a possibilidade de impugnação de atos processuais que não observem os direitos das partes, especialmente quando se verifica omissão de fatos relevantes por parte do oficial de justiça.

Legislação: CF/88, art. 5º, LIV; CPC/2015, art. 1º; CPC/2015, art. 139, VI

Jurisprudência:
Impugnação de Mandado de Verificação
Omissão do Oficial de Justiça


2. Omissão Relevante no Mandado de Verificação

A ausência de registro de informações cruciais no mandado de verificação pode comprometer a integridade do processo e gerar nulidade. A omissão de fatos que podem influenciar a decisão judicial, como o estado dos lotes ou as circunstâncias do esbulho, é passível de impugnação, com pedido de novo ato de verificação.

Legislação: CPC/2015, art. 439; CPC/2015, art. 440

Jurisprudência:
Omissão em Mandado de Verificação
Novo Ato de Verificação


3. Nulidade de Contratos de Compra e Venda de Lotes

A nulidade dos contratos de compra e venda de lotes localizados na área esbulhada pode ser declarada judicialmente, principalmente se tais contratos violarem decisões anteriores ou se forem celebrados em fraude à execução. A validade dos contratos deve ser questionada à luz do CPC/2015 e dos princípios que regem o direito de posse.

Legislação: CCB/2002, art. 166, II; CPC/2015, art. 792, IV

Jurisprudência:
Nulidade de Contrato de Compra e Venda
Fraude à Execução


4. Esbulho Possessório e Direito de Posse

O esbulho possessório caracteriza-se pela perda da posse em razão de ato violento, clandestino ou precário, conforme prevê o CPC/2015, art. 560. A defesa do direito de posse, neste contexto, pode ser reforçada pela impugnação dos contratos de compra e venda que resultaram do esbulho, visando à reintegração da posse ao legítimo possuidor.

Legislação: CPC/2015, art. 560; CCB/2002, art. 1.210

Jurisprudência:
Esbulho Possessório
Defesa do Direito de Posse


5. Princípio da Saisine e Direito de Posse

O princípio da saisine, previsto no CCB/2002, art. 1.784, assegura a transmissão automática da posse ao herdeiro no momento da morte do de cujus. Esse princípio pode ser invocado para sustentar a continuidade da posse, mesmo diante de esbulho, e a consequente nulidade de contratos que desrespeitem esse direito.

Legislação: CCB/2002, art. 1.784; CCB/2002, art. 1.791

Jurisprudência:
Princípio da Saisine
Transmissão Automática da Posse


6. Inclusão de Terceiro no Polo Passivo da Ação

A inclusão da filha da ré no polo passivo pode ser justificada caso se comprove sua participação nos atos que resultaram no esbulho possessório ou na celebração dos contratos nulos. A inclusão deve ser fundamentada em provas que demonstrem sua corresponsabilidade.

Legislação: CPC/2015, art. 114; CPC/2015, art. 115

Jurisprudência:
Inclusão no Polo Passivo
Responsabilidade de Terceiro


7. Alcance e Limites da Atuação das Partes

No contexto de uma ação de reintegração de posse, as partes têm o direito de impugnar atos que considerem irregulares, mas devem respeitar os limites processuais. A impugnação ao mandado de verificação deve ser objetiva e embasada em fatos concretos que possam influenciar a decisão judicial.

Legislação: CPC/2015, art. 7º; CPC/2015, art. 10

Jurisprudência:
Alcance da Atuação das Partes
Limites da Atuação das Partes


8. Natureza Jurídica dos Institutos Envolvidos

Os institutos jurídicos envolvidos em uma impugnação de mandado de verificação, como a posse e o esbulho, possuem natureza jurídica de direito real, o que confere ao possuidor proteção contra atos que violem sua posse. O princípio da saisine também reforça a proteção da posse, ao assegurar sua continuidade após o falecimento do titular.

Legislação: CCB/2002, art. 1.196; CCB/2002, art. 1.784

Jurisprudência:
Natureza Jurídica da Posse
Proteção do Direito Real


9. Fundamentos das Decisões Judiciais e Administrativas

As decisões judiciais em casos de impugnação de mandado de verificação devem ser fundamentadas com base nos princípios do contraditório e da ampla defesa, assegurando que todas as partes tenham a oportunidade de apresentar seus argumentos e provas. O respeito ao princípio da legalidade é essencial para a validade das decisões.

Legislação: CF/88, art. 5º, LV; CF/88, art. 93, IX

Jurisprudência:
Fundamentação de Decisões Judiciais
Princípio da Legalidade


10. Prazo Prescricional e Decadencial

O prazo prescricional para a propositura de ações possessórias deve ser observado com rigor, sob pena de perda do direito de ação. Além disso, a decadência pode ser aplicada em casos onde o direito de posse não é exercido dentro do período previsto em lei.

Legislação: CCB/2002, art. 205; CPC/2015, art. 189

Jurisprudência:
Prazo Prescricional em Posse
Decadência do Direito de Posse


11. Honorários Advocatícios Contratuais e de Sucumbência

Nos litígios possessórios, os honorários advocatícios podem ser fixados tanto de forma contratual quanto de sucumbência. A parte vencedora pode requerer a condenação da parte vencida ao pagamento dos honorários de sucumbência, conforme previsto no CPC/2015.

Legislação: CPC/2015, art. 85; CCB/2002, art. 389

Jurisprudência:
Honorários Advocatícios Contratuais
Honorários de Sucumbência em Posse


12. Considerações Finais

A impugnação de mandado de verificação em ações possessórias é um instrumento crucial para garantir a justiça no processo, especialmente quando há omissões ou irregularidades no ato de verificação. A defesa deve ser embasada em fundamentos legais sólidos, visando a anulação de contratos fraudulentos e a inclusão de terceiros responsáveis no polo passivo.

Legislação: CPC/2015, art. 1º; CPC/2015, art. 10

Jurisprudência:
Considerações Finais - Impugnação
Anulação de Contrato em Posse



Estas notas jurídicas oferecem um panorama detalhado sobre a elaboração de uma impugnação de mandado de verificação, enfocando a proteção da posse, a nulidade de contratos de compra e venda em áreas esbulhadas, e a importância de incluir todos os responsáveis no polo passivo. A aplicação cuidadosa dos princípios legais e constitucionais é fundamental para garantir a justiça e a legalidade nas decisões judiciais.

 

 


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